segunda-feira, novembro 13, 2006

DOMINGO NO CINEMA.

Hoje foi um dia para namorar. A filhotas em seu fim-de-semana materno, resto da família por aí, consiguimos um tempinho para passar na Livraria Cultura enquanto espera a fila do restaurante e depois do almoço, cineminha.

Filme tenso, difícil de desviar para um beijo, trama complicada, alguém morreu, alguém matou, um dos dois é culpado, mas não dá para saber bem do que. Esqueçam, não vou falar nada para não acabar com o suspense.

Mas a história é sobre a obseção de um deles. Algo que cria uma rivalidade sem par, num caminho destrutivo onde a missão de um acaba se tornando destruir o outro. No meio o sofrimento das famílias e, como não podia faltar, de uma criança lindinha de tudo.

Consigo sair incomodado, é o deja vú da neurose humana. É transposição para o relacionamento profissional fictício de uma situação pessoal real. O final é conhecido, todos perdem mas não deixam de lutar, como se alguém tivesse de sair vencedor, mesmo que vencer signifique perder também.

Me lembrou muito outra produção, mesma linha, estória diferente. Um banqueiro e um comerciante se batem até a o fim de ambos. Só no final, quando não importaria mais, um descobre que destriu aquele que o ajudou quando mais precisava.

Por que escrevo isto?

Ora caro(a) leitor(a), porque incomodou ver a verdade, porque chateou saber o que vai acontecer, saber que algo não é bom e não poder alterar o final, pois há uma variável na equação que não poderá ser alterada. A variável irracional.

O lado bom?

A felicidade de ter a pessoa certa ao nosso lado conseguiu em pouco tempo fazer o sentimento ruim sumir. Deste dia, ficou o aconchego do abraço, o sabor do beijo, perfume dos cabelos macios e a saudade das pequenas, longe da gente. Domingo melhor impossível, pois até meu time, que vem dando vexame há muito tempo, ganhou.

quarta-feira, novembro 08, 2006

ESTÓRINHAS BONITINHAS

Chega o feriadão, pego as princesinhas e a namorada na quinta-feira de manhã e pé na estrada que o batidão é longo. Duas horas de estrada, parada para o almoço, pois as gatinhas são loucas pelo bife à parmegiana, mais uma hora e meia e chegamos.

Daí para frente é deixar sair do carro que elas se viram e começa o nosso descanso. Claro que é descanso caro leitor, ninguém tem pique para namorar depois de tanto tempo dentro de um carro.

Mas este feriado havia uma novidade, a namorada, já apaixonada pelas meninas e o pai, leva um laboratório de química mirim, sua especialidade profissional, para as primeiras esperiências das fofinhas.

Depois de vários pedidos passamos às primeiras experiências e o sucesso é absoluto. A coordenação da professora e as mudanças de cores, as novidades aprendidas, a expectativa do resultado das misturas e a supresa são lindos de ver. A interação das três, os olhinhos de admiração, a excitação valeram, foram o ponto alto da viagem.

Claro que as caminhadas foram deiliciosas, o descanso, o tempo que pudemos passar juntos longe do trabalho e tudo mais fazem dos feriados ocasiões especiais.

Mas, para um pai ouvir que o laboratório delas é o melhor do mundo, pois vem com uma professora junto, é tudo de bom.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Qual é o limite da estupidez?

Uma coisa é verdade quando encerramos um relacionamento de forma brusca. Dificilmente impera o bom senso. Pequenos detalhes da vida em comum voltam sempre a tona. Na verdade a probabilidade é inversamente proporcional à importância do detalhe. Quanto menos importante, mais rápido é usado como munição.

Tenho andado às voltas com algo assim. Seja em audiências no Fórum Central, local deprimente diga-se de passagem, ou em algumas coisas do dia-a-dia das filhotas. Pequenos problemas tornam-se grandes batalhas, cada alteração necessária, dada uma incompatibilidade profissional ou logística no leva e traz diário.

Não que eu esperava por uma vida tranquila. A primeira visita de um oficial de justiça às oito horas da manhã de um sábado chuvoso, deixou isto bem claro. Outros vieram, mais irão e a procissão de discussões em corte continuará. Matando toda e qualquer possibilidade de solução amigável.

Agora fica a pergunta, até quando impera a cretinice?

Quer dizer, quanto uma pessoa está disposta a perder? quanto uma pessoa está disposta a prejudicar duas crianças por seus motivos egoístas? qual e o limite do mal que uma criatura é capaz de praticar sem motivo além da satisfação pessoal?

Afinal, qual é o limite da estupidez?

Pior foi descobrir que, em certas pessoas, não há limite algum. Como o coelhinho da Duracell, elas continuam, continuam....não param nunca.

E há quem diga que o ser humano evolui.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Preço do Orgulho

Nunca deixo de me espantar com o comportamento altamente previsível do ser humano. É uma daquelas coisas absolutamente inaceitáveis do ponto de vista lógico. Sabe-se que é errado, sabe-se o que é o certo mas, na hora da verdade, naquele momento de decisão tudo fica preto e só sai bobagem.

Num assunto banal ontem, numa daquelas situações onde não existe vitória ou derrota, apenas arranjos logísticos convenientes ou inconvenientes, a arrogância e o preconceito, como sempre, auxiliaram a pior decisão.

Confesso que gosto de política, participo, dou palpite, escrevo, enfim sou um sujeito mais ou menos envolvido. Voluntariamente, diga-se de passagem, nada profissional ou criminal como vimos nesta última eleição. Mas uma coisa que incomoda na política é a politização de todas as instâncias da vida. Algo que transforma qualquer evento em parte da batalha ganha-perde.

Bom foi o que aconteceu ontem, numa situação mais ou menos surpresa (pois o assunto havia sido comentado antes, sem a devida atenção do lado ouvinte), ao invés da parte prejudicada agir conforme o esperado, ao invés da parte aceitar o proposto ou procurar algum entendimento, imperou a arrogância de alguém desprevinida.

Resultado: uma decisão, claramente desfavorável, perda de tempo, correria, cansaço, fome (por impossibilitar a pausa para a refeição) e um volume de stress desnecessário. Tudo em nome da manutenção de uma posição pseudo-superior, uma "vitória" de princípios pessoais nada nobres. Sofrem os envolvidos, nada acontece ao outro.

Na sociedade medieval japonesa, tudo era válido em nome da honra, para salvar as aparências do derrotado, evitando a humiliação pública. O mesmo acontece na maioria dos casamentos desfeitos onde, para manter uma posição hipotética de vantagem, assume-se um fardo maior do que o necessário. No Japão este comportamento gerou o Sepuku ou Harakiri, cerimônia em que o suicídio é a única solução.

Num casamento desfeito, onde permanecem erguidas as espadas, é a mesma coisa, com a diferença de ambas as partes se suicidarem lentamente, ao longo de anos de batalhas infantis.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Cuidado! Estou gostando.

Mais uma audiência se passa, mais uma tempão de preparação, de preocupação, de stress no trânsito. Foi um tal de corre, pega criança, corre mais um pouco, pega a outra criança, almoça voando, "tchau, filhas beijo no papa, comportem-se", mais correria, avenida parada, foge pela lateral, pára no estacionamento e corre para a audiência.

Daí o mundo entra em câmara lenta, ninguém tem pressa, o juiz está atrasado. Vai demorar meia hora.

Neste momento, abaixa a cabeça, pede a Deus: "Senhor me dê calma, paciência e sabedoria. Seja feita a tua vontade Senhor, pois não tenho mais forças para aguentar sozinho."

Chegou a hora do show.

O Juiz com certeza não gostou de seu time ontem, era visível a pouca paciência. Fala com a autoridade que o cargo lhe confere, não está alí para enfeite, quer decisões e quer rápido, se for para ter briga, marque outro dia. Hoje é para acordos.

"Excelência como pode ter acordo se a situação é esta, blá, blá, blá..."

"A Sra. o que acha?"

"Ora, Excelência, a situação não é bem assim, blá, blá, blá..."

Eis que então vem a luz de esperança, num momento em que tudo parecia apenas mais do mesmo que venho enfrentando, o juiz profere a frase que me ganhou a década:

"Pelo que está escrito no documento que as partes assinaram o Sr. está certo."

"Ora Excelência, não foi este o combinado" protesta o advogado dela.

"Mas é o que foi assinado." encerra o juiz.

"Não é bem assim Excelência, veja que a frase diz..." tenta retrucar o infeliz.

"Doutor! Também sou professor de português, sei entender um texto de acordo e o que diz aqui bem claro é que o marido tem razão" corta duro o juiz já bravo.

Bem, posso ter floreado um pouco, afinal a partir desta frase tudo eram flores. Pela primeira vez em todo este embroglio senti que a razão imperava. No meio da intriga, da mentira, das falsidades, das interpretações tendenciosas a verdade triunfou.

Estou até mais leve, mais confiante, mais calmo. Foi uma meia vitória, afinal era só uma preliminar. Mas deu para ver que o jogo não está perdido, muito pelo contrário, o adversário é fraco.

O problema? É começar a gostar deste tipo de coisa. Viola todos os meus valores participar da tristeza de audiência destas, dos sentimentos negativos, das meia verdades, da briga pela briga. Sinto que no tribunal, por melhor que seja o resultado a nosso favor, uma parte da alma se perde, nossa humanidade não passa pela porta e nunca é a mesma quando saímos.

Maqs, fazer o que? Pelo menos temos a chance de nos defender e, de uma forma ou de outra, a chance da verdade triunfar é real.

terça-feira, outubro 24, 2006

Pequenos prazeres

Mudando um pouco o astral dos posts anteriores, bélicos demais para meu atual estado de espírito, volto à postar sobre a alegria de minha vida. O que me faz levantar da cama todos os dias, pois sei que a cor da vida só se revela em sua presença.

Claro caro(a) leitor(a), as filhotas e a namorada.

Sim este será um daqueles posts melados, destinado por um pouco de cor-de-rosa na vida de quem frequenta este blog. Afinal a vida é muito curta para se tomar vinho ruim. Chega de falar de tribunal, juiz e todas aquelas coisas negativas que rondam este ambiente.

Pois, por um mero acidente, uma daquelas coincidências, surge uma nova rotina em nossas vidas. Uma rotina que surpreendentemente passou a ser ansiosamente esperada por todos (ou seria melhor dizer todas) os envolvidos.

É fato que manobrei o que pude para buscar as crianças todos os dias na escola, afinal precisava vê-las todos os dias e esta era a única maneira. É fato que, trabalhando de dia, dando aulas à noite (como se isso não fosse trabalho também) não sobrava nem um segundinho para matar a saudade da namorada. É fato (ou benção divina) que a namorada trabalha bem no caminho entre a escola e a casa das filhotas.

Então, numa terça-feira despretenciosa (como só as terças-feiras são), consegui ver as três juntas, pegando as pequenas na escola, a namorada no trabalho, levando todas para casa (cada uma para sua, claro).

Hoje, outra terça despretenciosa, a mais velha me solta "ainda bem que é terça, é dia de buscar a namorada (não precisamos publicar nomes)", seguido do "Oba" da menor. Eis que então nasce uma rotina. Um habito. Daqueles gostosos, que todos esperamos ansiosamente, que ilumina nossa vida, aperta os laços que nos une, que lança mais uma pedra nas fundações de uma noa familia.

Às vezes tenho medo de parecer bobo, afinal são apenas algumas quadras, menos de 10 minutos juntos. Mas 10 minutos que fazem toda a diferença do mundo, que fazem a alegria de quatro pessoas.

Pode até não ser muito, mas para nós, é toda a diferença do mundo.

segunda-feira, outubro 23, 2006

A tranquilidade dos justos

Sete dias. Passaram-se sete dias desde a audiência. Uma semana digerindo o que consegui e o que poderia ter acontecido. Uma semana saboreando uma vitória justa.

E o que aprendo com isto?

Que não há mal que sempre dure. Não, isto não, isto já sabia.

Que a justiça tarda, mas não falha. Também não, pois não houve justiça, apenas um acordo comercial, onde uma parte vendeu tempo de convivência com duas crianças para a outra.

Na verdade aprendi que certas coisas devem ser feitas independente de seu efeito.

Calma caro(a) leitor(a), eu explico.

Sempre acreditei que, ao regular os dias de visitas de minhas filhotas lindas estaria acabando com as chances de acomodações. Estaria selando um conjunto de datas que a imprevisibilidade da vida inviabilizaria o cumprimento, trazendo sofrimento a todos. Acreditei que pessoas tenderiam a agir no sentido de prover o bem estar das crianças e não de acordo com interesses particulares e sombrios. Estava enganado.

Ao assinar um documento que me garante pelo menos 30% de meu tempo com minhas filhas, ganhei a paz. Não existe mais aquela aura de incerteza, a dúvida do comportamento da mãe, se irá agir racionalmente ou não, se dissipou, agora posso fazer planos e viver a vida sem assombrações ou ataques de egoísmo patológico.

Esta semana tenho nova batalha pela frente, esta por dinheiro de verdade (a outra era por dinheiro disfarçado em amor maternal). Não estou nem um pouco preocupado, pois nesta minhas filhas não poderão ser utilizadas contra mim.

Ai se soubesse de tudo que sei hoje, no dia da primeira audiência.

Ah! deixa para lá. Consertarei tudo no fórum, nesta quinta-feira.

terça-feira, outubro 17, 2006

Show me the money

Três horas e meia gastas. Uma tarde perdida, um gosto ruim na boca, inúmeras lembranças boas destruídas. Uma batalha a menos.

Em apenas três horas e meia, uma eternidade olhada de dentro do olho do furacão, foi travada a primeira e mais importante batalha. Baixas?

Poucas caro(a) leitor(a), morreram na sala de audiências, um pouco da auto-estima, um pouco do respeito pelo outro, o resto de admiração por comportamentos de outras eras. Enfim morreu aquele restinho que sobrou de sentimentos bons pelo outro, que o tempo ainda não conseguira apagar. O caminho para o desprezo e para a indiferença está aberto, nada o fechará nos próximos anos.

Qual o resumo da batalha meu velho Jeremiah, perguntam os(as) leitores(as)? Quem foi o vencedor?

Sinceramente, não acreditei haver vencedor, consegui o que queria, colocquei no papel, gastei menos do esperava. Mas fui atingido pela verdade nua e crua de uma pessoa que mercantilizou a guarda dos filhos, que foi capaz de negociar duas meninas lindas como uma mercadoria. Só faltou pedir pagamento em cheques pré-datados.

Quanto você quer pagar Papai? Fazemos qualquer negócio. Aproveita a promoção até sábado.

E assim, minhas filhas foram negociadas na bolsa, viraram mercadoria. Quanto vale um beijo? quanto vale um abraço? Quanto vale um Eu te Amo Papai?

Para mim não havia como fixar preço, para outros há tabelas de desconto e promoção.

Pior mesmo é ouvir um comentário de corredor: "Acho que podia ter recebido mais..."

Agora é torcer para que providência divina traga o castigo certo.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Nau dos insensatos?

Publiquei ontem meu primeiro post bélico, usando palavras mais pesadas trouxe aos leitores sentimentos que não deveriam mais fazer parte de minha nova vida.

Na verdade não fazem, estou ciente de que a página virada nos 15 quilômetros da corrida de São Silvestre do ano passado e as mágoas devidamente lavadas por algumas garrafas de Champagne de primeira no "Reveillon dos Esquecidos" (festa para quem foi esquecido pelos amigos em São Paulo, não por terem algum problema de memória), encerraram de vez algo que já devia ter sido encerrado há muito tempo.

Mas relacionamentos com filhos não se encerram (pelo menos para quem tem caráter), apenas são estabelecidos limites de atuação e responsabilidade.

O que realmente aconteceu foi o não estabelecimento de limites rígidos dentro de uma decisão judicial. Não por falta de conhecimento, nem por alguam pilantragem qualquer. Mas porque não acredito que a lei serve a algum interesse a não ser os daqueles que dela vivem. Decisões rígidas impedem a acomodação. Impedem a improvisação. Impedem o bom funcionamento da vida, incerta por natureza, caótica por excelência, irregular graças a Deus.

Hoje, por questões pessoais, enfrento uma batalha para violar todos meus princípios e conquistar o que é meu por direito e jamais deveria ser questionado num tribunal. Hoje começo a pagar caro por confiar no bom senso, por procurar caminhos baseados em confiança mútua, por não aceitar a tratar outra pessoa como um adversário a ser derrotado.

Hoje, com 10 meses de atraso, entro numa briga que procurei evitar por mais de um ano. O resultado eu conheço, muita chateação, muito dinheiro gasto com advogados, muito tempo perdido.

Claro que é fácil reverter tudo, basta abrir mão de valores, princípios, dinheiro, memórias, bons momentos e tantas outras coisas que fazem a vida valer a pena.

Sinceramente caro(a) leitor(a) a opção pela paz instantânea é muito pior.

domingo, outubro 15, 2006

Si vis pacen para bellum

Depois de quase um ano de trégua, parto de novo para a guerra. Pois os tambores vem soando há tempos finjo que não ouço. Provocações do inimigo não me pouparam nestes meses todos, nem a mim, nem àqueles ao meu lado. É chegada a hora de marchar.

Sinto no entanto que a vantagem me sorri, de leve ainda, meio tímida na verdade, mas sorri. Pois neste tempo em que o silêncio da armas imperava, não significou que elas não estavam prontas. A diferença é saber que muito pouco está em jogo de meu lado.

Como num intrincado jogo de xadrez, a adversária fez seus primeiros movimentos de desespero. Forçada a apresentar suas armas logo de início, sem contar com a vantagem do tempo, nem com o elemento surpresa, mostrou ter muita pólvora e nenhum chumbo. Fez barulho, não atingiu ninguém e aguarda o revide amanhã.

A diferença?

Acabou a disposição de oferecer o cessar fogo. Acabou a política de paz a qualquer custo. Acabaram as conceções inciam-se as exigências.

Como o título diz, se quiser paz, prepara para guerra. Amanhã começo a lutar pelas minhas filhotas, semana seguinte pela liberdade financeira. Depois disto, tudo mais que for necessário. Pois aquele que segue a verdade não tem porque temer.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Novos Visitantes 2

Vejo com alegria a participação de alguns dos novos visitantes, a quem me dirigi há dois Posts. A participação dos leitores num blog é fundamental para seu sucesso e importante incentivo ao autor.

Porém me preocupa o tom das mensagens recebidas, não por discordarem de mim ou dos textos. Não tenho a intenção de ser uma unanimidade. Paulo Coelho é adorado por milhões e mesmo assim nem todos acreditam que ele escreve bem.

Mas senti ter passado uma imagem negativa, a leitora lembra-me que há 14 anos atrás fiz uma declaração muito similar, senão igual, àquela sobre meu atual relacionamento. O leitor anônimo, conta sua história, solidarizando-se comigo.

Ora caríssimos, não sei quem tem razão, nem quero saber mais. A vida é muito curta para tomarmos vinho ruim. Reviver o passado não vai melhorar nada, nem mudar o que aconteceu. Vai sim, manter feridas abertas, trazer a tona mágoas que há muito já deveriam ter sido afogadas, enfim vai ocultar as coisas boas enviadas por Deus.

Tiagila, sei o que fiz 14 anos atrás, muito menos até, estava disposto a mais para falar a verdade, mas não foi possível. Graças a Deus.

Hoje olho para o futuro e gosto muito disto, não por estar ofuscado pelo brilho de uma nova paixão, mas por ter os olhos abertos pela experiência. O futuro acetinado e cor-de-rosa dos apaixonados não resiste à realidade preto-e-branco de uma visita do oficial de justiça, de uma petição mentirosa ou da restrição de visita aos filhos.

Hoje ciente do que é necessário para construir uma vida a dois, como a necesssidade de comunhão de valores e não de gostos musicais, ou do compartillhamento de responsabilidades e não dos saldos bancários, parto para minha nova chance resoluto e preparado.

Posso até errar, mas serão novos erros, não apenas uma repetição dos velhos. Conto também com minha bagagem acumulada para vê-los a ponto de poder corrigi-los, sem sucumbir a eles.

Que mais posso querer?

segunda-feira, setembro 25, 2006

Parabéns para você, nesta data querida

Engraçado, quase esqueci que neste sábado fez um ano que saí definitivamente de casa.

Um ano de separação. Um ano de liberdade. Um ano dentro de uma montanha russa emocional. Um ano que deveria ser marcado pela tristeza e não foi.

Pois exatamente há 8 meses atrás, no dia 25 de janeiro, chegando correndo de uma viagem a Curitiba, fui aceito por quem seria a mulher da minha vida.

Coincidência?

Destino?

Não, acredito que Deus decidiu que já era hora deste seu atormentado e infeliz filho enxergar a realidade. Hoje, 367 dias depois da fatídica noite de 23 de setembro, quando deitei só, numa cama de solteiro, olhando para um futuro nebuloso, vejo quanto tudo mudou.

A vida feliz em família era mais solitária que a de solteiro. Preso a uma situação que absorvia as coisas boas sem dar nada em troca. Bons momentos revelaram-se momentos em que não havia ninguém ao lado para partilhar. Maus momentos eram sempre atribuídos a algo além da compreensão, que deveria ter sido feito ou dito.

Claro que novos problemas surgiram, claro que a separação com envolvimento de filhos é uma meia separação, pois ainda há coisas em comuns a serem tratadas. Mas a despeito dos problemas, cuja a importância para um lado é diretamente proporcional à irrelevância para o outro, uma separação sempre vem para o bem. Senão de um, então para os dois que se separam.

Filhos? sim, eles sofrem, sofrem muito com a dissolução do casamento, mas sofreriam mais numa casa sem amor, sem compreensão, sem compartilhamento. As minhas sofreram, muito, mas hoje tiram de letra, estão felizes com a perspectiva de uma segunda mãe em suas vidas, mostrando uma maturidade que muito adulto não tem.

Neste primeiro aniversário do resto da minha vida, só posso pedir para Deus saúde e sabedoria.

Sabedoria para saber manter vivo o amor que recebi de presente há 8 meses. Saúde para poder dar toda atenção que estas três mulheres da minha vida merecem.

Novos Visitantes

Sei que é imperdoável minha ausência por tanto tempo, mas época de eleições e tenho me dedicado a trabalhar para um candidato. Se vai ser eleito é um mistério, mas a experiência é por demais gratificante.

Nestes dias de muito trabalho passei por algum tempo pesquisando o orkut e, graças a um descuido, deixei pistas de minha passagem por vários perfis. Engraçado foi descobrir novos amigos, gente que acessou este blog e curtiu o que escrevo, gostou de minhas estórias e se dispôs a ser amigo de Jeremiah Johnson.

Dou boas vindas a estes novos leitores e visitantes e aproveito para dar um resumo de quem sou eu.

Sou um cara normal, que sofreu uma grande perda (assim pensava quando iniciei o blog), achei que iria dar um novo passo em meu casamento e a exatamente 1 ano e dois dias atrás, passei minha primeira noite sozinho e longe de tudo que tinha constuído por 14 anos.

Sou professor universitário, pequeno empresário e tenho duas filhotas lindas que são o maior presente da minha vida. Hoje, dia 25 completo 8 meses de namoro, com quem provavelmente irá caminhar ao meu lado pelo resto de minha vida, enfim estou feliz, reconstruindo tudo e confiante que Deus está ao meu lado e, apesar da dor do momento, me concedeu a benção da sepração para encontrar a mulher da minha vida.

Este blog é minha jornada pela vida de descasado, pelos problemas, pelas angústias, pela dor Mas também falará de felicidade, de amor, de vida e de coisas boas, pois a vida, não importa o que aconteça, é linda.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Meio Sumido

Desde o começo do semestre e o fim das férias, deixei meus leitores na mão. Trabalho quase dobrado, reestruturação na faculdade, cuidados com as meninas e um pouco de atenção com a namorada (sempre menos do que gostaríamos), acabaram sufocando as necessidades do blog.

Ainda não está tudo acertado, uma desagradável visita da justiça no final de semana adicionou uma carga desnecessária de trabalho, stress e despesas num dia-a-dia carregado.

Mas a vida se enfrenta com muito trabalho e com a verdade, é só manter a calma e o bom humor.

Às leitoras sempre preocupadas garanto que as meninas vão bem, com saúde e cheias de idéias, a mais velha lidando com o nervosismo de sua estréia com o coral da escola, a menor preocupada em arrumar um novo cofrinho pois o antigo está cheio. E la nave vá.

terça-feira, julho 25, 2006

Duas mamães

Finalmente, quase ao final das férias, consigo viajar com minhas três garotas para o sítio. As duas filhotas não mais se aguentavam em São Paulo. Férias escolares é um período torturante para as pequenas, o amigos somem, as atividades diárias se reduzem e a vida fica um pouco chata.

Não foi nossa primeira viagem juntos, mas era como se fosse. As outras, sempre acompanhadas da família, foram um treino. Ajudaram um bocado pois pareciamos uma família feliz, para as meninas não havia diferença.

Claro que rolou um stress, dado momento, um dia antes de voltar, após a ligação quase diária da mãe, a pequena começa a chorar. Pronto, lá veio um daqueles momentos em que o fogo do inferno parece pouco, para quem faz uma criança tão triste.

"Estou com saudades da mamãe, eu não queria que vocês se separassem". Ai, essa doeu.

Mas a certeza de que tudo havia mudado para melhor ajudou a contornar a situação, onde um pequeno, mas poderoso, argumento, que jamais faria efeito se não fosse verdadeiro, surgiu e tudo se acalmou.

O que eu disse? Ora caro(a) leitor(a), só mostrei a ela que agora haviam duas mães, uma com quem morava, outra que estava ali conosco, cuidando tão bem quanto a primeira. O choro parou, veio o beijo de boa noite, o abraço, virou, pegou o ursinho de estimação e dormiu um sono tranquilo, de uma criança feliz.

Se o argumento funciona sempre? Sim, para mim funcionou e creio que funcionará muito ainda, graças a uma pessoa maravilhosa, que aceitou munhas filhas como suas, cuidando delas tão bem, ou melhor (mas ai vão dizer que isto é típico de ex recalcado) que a própria mãe.

Graças a essa mullher que soube amar uma família, não só o homem. Que aceitou fazer parte de algo maior do que só um casal, da próxima vez que ela chorar de saudade da mãe, tudo que precisarei fazer é perguntar de qual delas.

Bem aventurada a criança que tem este tipo de escolha pela frente.

segunda-feira, julho 17, 2006

De molho novamente

Pela primeira vez na vida, fiquei de cama pela terceria vez em menos de 12 meses. Isto nem minha mãe lembrava quando aconteceu. Imaginem, 41 anos, três gripes resultando em cerca de 10, isso mesmo, dez dias perdidos para a febre, dor e outras coisas boas que acompanham estes sintomas.

Má alimentação? Impossível, já fiz pior. Muito pior. Estava até melhorando desde que a namorada decidiu não largar do pé.

Doença anterior mal curada? Outra impossibilidade, segui à risca conselhos médicos e já estava sem sintomas da gripe anterior há quase 2 meses.

Falta de resistência física? Inacreditável, mas é a verdade, mesmo com suplemento de vitamina C, e complexos vitamínicos específicos, mesmo com casacos, cachecol, chapéu e todo cuidado para as noites frias, sucumbi pela terceira vez.

O cansaço resultante da energia gasta no pós-separação, cobrou seu preço. Os seis meses de batalha velada, de picuinhas e desgastes, finalmente tiveram de ser indenizados. As noites sem sono precisaram de reposição. Tudo na mesma semana, o corpo avisou: "cara, se você não vai parar, paro eu". Parou.

Estou bem, muito bem agora, dois dias de 18 horas de sono, várias refeicões de comida saudável ingerida, muito chá, muito suco, nada de álcool, nada de gordura fizeram a diferença. Agora é só ter cuidado e não deixar a coisa desandar mais.

Não dou conselhos, principalmente se aprendi pela dor, mas vou ter muito cuidado, vencer a guerra não pode custar minha vida. Se isto foi um aviso, foi entendido.

Ainda bem que a coleção de DVD's permite uma estadia forçada em casa, sem comprometimento da qualidade da diversão, nem nos condenando ao "Domingão do Faustão".

sábado, julho 15, 2006

Cuidado princesa crescendo

O maior pecado neste embroglio que foi o processo de separação, não foi sair de casa, ter itens de herança de família sequestrados, documentos desaparecidos e muito dinheiro desperdiçado. Afinal deu para viver sem ou providenciar substituições.

Pecado é não ver minhas gatinhas crescendo todo dia, perder dentinhos de leite, perder novas coisas que aprendem todo dia, ou aquelas frases espirituosas que surgem do nada.

Meio pecado na verdade, pois agora, elas cresceram, pouco mas o suficiente, o suficiente para compartilhar estas coisas comigo. Neste final de semana, mais à vontade ao ficar sozinhas com o pai e lidar com a esdrúxula situação de duas casas, elas deram show.

A menor, malandra e preguiçosa, aprendeu finalmente a andar de bicicleta, reclamou, praguejou, chutou a bicicletinha das poderosas, enfim tentou de tudo para desistir, mas ao final do dia, sob os gritos de "pedala, robinho", estava andando feliz da vida.

A mais velha decidiu no entanto me deixar de boca aberta e babando, primeiro por estar numa independência só, acordo pela manhã e a vejo tomando nota furiosamente em frente à televisão, na volta da cozinha ela me mostra o telefone e site da Polishop, onde vende uma chapinha que alisa, hidrata e desembaraça os cabelos mais revoltos sem danificá-los. No dia seguinte a mesma polishop volta em uma notinha com alguma cinta que a ajudaria esconder a barriguinha de excesso de sorvete. Hora da aula de marketing e televendas e duas das mais deliciosas horas de conversa.

À tarde na livraria Cultura, programa preferido das duas enquanto esperam o horário do cinema, vejo-a andando decidida de um lado para o outro. Na saída a supresa, um cartãozinho com o nome de uma cantora e uma música. A recomendação já dizia tudo: "pai o cd é muito caro, baixa da internet as músicas desta cantora e grava um cd para mim?"

Lágrimas de orgulho foram enxugadas imediatamente, para não me trair. Já se foram três Cd's na base do cartãozinho.

A semana estava ganha, pode levar mãe, elas também crescem com o pai, podem viajar com a avó, depois é minha vez de novo e outras coisas virão. Mas, quando tudo parecia ter passado e a semana de saudade começado, elas tinham que fechar com chave de ouro.

Domingo é dia de escola dominical na igreja, pela regra do final de semana elas faltariam esta semana, afinal a mãe já tentou de tudo para afastá-la de lá. Pena, haveria uma exposição e elas já estavam com um cartaz pronto, texto decoradinho, enfim prontas para se mostrar. Até pensei em gravá-las com a Webcam e deixar uma presença virtual, mas a idéia não vingou. Fazer o que?

E não é que elas covenceram a mãe e a avó a voltar mais cedo de viagem para poder ir à igreja. Já acertaram o horário para pegá-las e devolvê-las, tudo sozinhas.

Ninguém mais segura minhas princesas. Ainda bem...

quarta-feira, julho 12, 2006

Pequenas indulgências

O dia a dia cansa, a rotina, os problemas, a contas, a teimosia do dinheiro em não durar até o fim do mês, o chefe paranóico, o subordinado indolente, o cliente mandão, o fornecedor tratante, o banco ladrão. Ufa!!! Seria bom se parasse por aí.

O que fazer? no meio do dia você tem aquela sensação de que o dia raiou contra você, vai ao banco e esquece o boleto que iria pagar, sai de casa e volta para pegar o celular, entra numa reunião sem os documentos imprescindíveis. Sentar e chorar é a primeira opção? Tudo bem caro leitor, homem não chora, enfarta.

Mas quero chegar a um ponto, lógico, o que fazer? para onde correr numa situação destas, onde tudo parece dar errado?

Não sei.

Claro que não sei caro(a) leitor(a), se soubesse estava rico vendendo livro de auto-ajuda ( se bem que acho que autores de auto-ajuda não sabem também). Mas para que ninguém saia daqui me chamando de impostor, vou fazer o que sei, contar uma estória minha.

Depois de uma rotina estressante de reuniões que não queria participar, de tempo perdido, de dinheiro perdido, de pequenas frustrações diárias, encontro-me às 4 da tarde num dilema, fujo do rodízio direto para casa?

Volto para o escritório e faço umas duas horas extras sozinho sem remuneração?

A resposta? nem um, nem outro, estava passando no clube para pagar a mensalidade, com atraso pois o boleto simplesmente desapareceu no dia de ser pago, vejo na porta da sauna, a ser reformada, um aviso dizendo que estaria aberta somente até ontem.

Resumo da ópera, três horas de merecido descanso, com direito a uma hora de sono pesado numa espreguiçadeira. Estou quase novo hoje.

Caro(a) leitor(a), há um conceito que ensino a meus alunos, o das pequenas indulgências, aqueles pequenos presentes que nos damos de vez em quando, alguns acabam culpando-se depois. Gastei demais demais dizem, engordei, enfiei o pé na jaca, enfim a consciência pesa lá na frente.

Desculpe consciência mas, sinceramente, dane-se, isso faz bem. Sendo a única maneira de mantermos a sanidade num dia ruim, ou num dia-a-dia massacrante. Ontem, pela primeira vez em meses, dormi como uma pedra, sem dores nas costas, sem o peso do trabalho, sem culpa.

Não sei se consigo fazer igual ainda este ano, a oportunidade foi única, mas outras estão na lista e não durmo mais com estas pequenas vontades reprimidas. Isso ninguém merece.

segunda-feira, julho 10, 2006

Férias.

Enfim férias, passo, a partir desta semana, a ter um pouco mais de controle sobre minhas noites. Até agosto claro, quando volta a rotina de aulas, trabalhos, alunos e muito cansaço.

Mas, mesmo ainda finalizando as obrigações burocráticas esta semana, deu para sentir os efeitos e as próximas três semanas prometem repor um pouco das energias. Digo pouco pois não adianta culpar o trabalho, muito ainda se deve ao traumático processo da separação e da reconstrução de minha vida.

Porém a maior parte do caminho está percorrida, as crianças estão se adaptando bem, os programas em família, o relacionamento com a namorada. Enfim em casa tudo anda bem. O problema é ainda é profissional, mas isto se resolve. Agora estou de férias, vou ficar na cama até as oito (pelo menos uns dois ou três dias), vou viajar (um final de semana de uns 4 ou 5 dias), vou me planejar.

Acho que não esperava em tão pouco tempo conseguir encontrar alguém, nem que as meninas fossem aceitar tão facilmente, nem que se dessem tão bem. Acho que se fosse diferente estaria até mais cansado ainda, mas o importante é sentir a vida começar a andar para frente pois até dezembro ainda estou acorrentado ao passado, até dezembro estarei também pagando por compromissos assumidos em audiência, até dezembro ainda é 2006, o ano de por a casa em ordem. Bem, metade de 2006 passou e metade da casa foi arrumada, beleza.

Agora não vou pensar mais nisto, chegaram as férias. Tempo de decidir o que fazer, seguir o teatro? terminar o livro que finalmente comecei a escrever? increver-me para o doutorado? chutar o balde e mudar de emprego?

Serão mais seis meses, mais um semestre para por uma direção na minha vida, mais um semestre para virar a página de vez, mais um semestre para parar de olhar para trás, um semestre para dedicar toda minha energia em crescer na nova vida,um semestre para o cansaço ir embora.

Isso é bico.

terça-feira, julho 04, 2006

Dura lição

Neste sábado o desastre se abateu sobre nós. Numa partida vergonhosa o Brasil foi entregue numa bandeja de prata para a França, pela terceira vez seguida, criando um precedente que ameça a se tornar um tabu.

Mas o triste mesmo não foi ver um bando de marmanjos com cara de idota, tentando entender o que havia ocorrido dentro do campo e como a vitória certa e anunciada não veio.

Triste foi ver minha filhota tirar a camisetinha amarela nova, que vestira com muita alegria para ver o Brasil ser campeão, e jogá-la no cesto de lixo, dizendo estar furiosa. É duro ver uma criança tão novinha descobrir a vergonha.

Ainda bem que a Disney lançou um novo filme. Domingo estava tudo esquecido e a vida toma seu rumo...

segunda-feira, junho 26, 2006

Dia de estréia

Chegou o dia, a estréia afinal. Ontem, nove da manhã, já estava com tudo preparado, do figurino para a peça à pequenas coisas que se mostraram necessárias na produção. Do infalível canivete suíço (levei 2) até a providencial caixinha de band-aid (que também foi necessária).

Uma passada no Carrefour para as últimas compras, água, gelo, bolachas, barras de cereal e Champagne (óbvio) e seguimos para o teatro, de onde não sairíamos mais.

Três horas de trabalho árduo nos esperavam, enquanto as atrizes faziam seus elaborados cabelos (peça de época requer penteados complicados), os atores (dois) e meio diretor (machucado de um tombo no dia anterior) arrastavam cadeiras, montavam a platéia, criavam o cenário. Enfim trabalhamos como duas mulas de carga.

Pausa para almoço, uma cervejinha merecida, uma soneca de meia hora e o ensaio geral, marcação de entrada e saída, outra pausa para cortar o cabelo, trocas de figurino, palavras do diretor, a obrigatória leitura do Salmo 23 para ajudar a coragem, respira fundo uma, duas, três vezes e sobem as cortinas.

Casa cheia, filhotas sentadas na escada bem na primeira fila, olhinhos brilhando, procurando entender a história, fascinadas pela figura do pai falando engraçado, figurinos coloridos, músicas portuguesas e muita movimentação.

Claro que erramos, erramos todos, falas atropeladas, brancos gerais, faltou um pouco de ritmo e muito mais, mas a vitória foi completa, as platéia ria, se emocionava, se surpreendeu no final. Missão cumprida.

Foram duas seções, rápidas até, mas cada segundo no palco valeu por todos os meses de preparação, cada cena que pude ver das coxias enquanto esperava a hora de entrar me emocionou, afinal era meu texto sendo representado, meus personagens ganhando vida, minha obra fora encenada.

Mal consegui levantar da cama na segunda, a adrenalina em alta durante todo o dia, o esforço físico da montagem do cenário, o esforço emocional da estréia e a hora que consegui chegar em casa cobraram seu preço, acordei tarde, muito tarde.

Mas acordei realizado. É bom demais, gente.

sábado, junho 24, 2006

Frio na Barriga

Eis que volta o frio na barriga. Aquela sensação de ansiedade, uma mistura de medo e alegria de ver o fruto de quase seis meses de trabalho e ensaios constantes. Chega a noite da estréia.

Amanhã encenaremos nossa peça de teatro, apenas duas apresentações em uma única noite, encerrando assim o semestre. Depois? Bem aí será olhar para a frente e começar a planejar os próximos passos, cursos, projetos enfim continuar a vida.

Não sei se o frio na barriga vem do nervosismo da estréia, de enfrentar a platéia, muito próxima do palco naquele teatro. Afinal não é primeira vez, ninguém é profissional, a audiência é composta por amigos e parentes, mas acho que a perspectiva de encerrar satisfatoriamente um ciclo e passar para o próximo é o que me assusta.

O que fazer agora? Será que devo continuar? Atuar ou escrever? Será que posso tentar algum projeto amador ou profissional?

Amanhã o frio será maior, já sinto isso, mas depois do ensaio de ontem, depois de ver os pequenos detalhes que criam os personagens aparecendo, a melhora a cada passagem do texto, a experiência me diz que não há com que me preocupar.

Mas a preocupação está lá, por algum motivo...

quarta-feira, junho 21, 2006

Retratos da Vida

Falta pouco mais de uma semana para as férias, ansiedade é grande, pois o descanso das aulas só dá mais tempo para outros projetos. As meninas cobrando novas viagens, mais tempo para elas, brinquedos, roupas e livros, pois decidimos montar um quarto só delas com tudo isto, para se sentirem em casa. Enfim, encerro um ciclo para abrir outro imediatamente.

Mas o ciclo se fecha com chave ouro. Maior respeito profissional, maior contato com as pequenas, um novo amor na vida. Uma nova tarefa na igreja. Uma peça de teatro que estréia.

É isto mesmo caros(as) leitores(as), há alguns meses venho escrevendo minha primeira peça de teatro para o curso que faço, peça que encerrará o semestre com duas apresentações neste domingo. É um trabalho pequeno, uma estória de época que começou com uma cena boba e tomou uma dimensão inesperada e deliciosa.

Decido compartilhar isto com vocês pois agora, depois de muitos ensaios, brigas e mudanças a peça tomou forma, os personagens vêm, aos poucos, surgindo nas seções que fazemos quase diariamente até a estréia. Decido compartilhar isto pois comecei a enxergar em cada personagem, em cada fala, um pouco de mim. Descobrindo ser capaz de dar vida a um pai de família, uma amante, a um prostituta, a uma empregada e até a um cafetão.

O que mais me espanta no entanto, é ver que cada um deles carrega um pouco de minha vida, de minhas emoções, de meus sonhos. Vejo hoje que, quando nos forçamos a buscar algo dentro de nós, é possível resgatar experiências há muito esquecidas, emoções guardadas e visões diferentes do mundo.

Me dizem que isto é típico de quem é de Gêmeos, mas sinceramente não tenho idéia do querem dizer, apenas vi esta semana nos ensaios, partes de minha vida transplantadas para o começo do século passado, como se estivesse num túnel do tempo, vividas por outras pessoas, em outros contextos, e gostei da experiência.

Enfim, é bom ver tanta coisa boa de volta, é bom olhar para frente e ver a vida se abrindo, é bom viver em paz consigo mesmo.

domingo, junho 18, 2006

Você só perde para você mesmo

Copa do Mundo é uma beleza, feriados não oficiais, confraternizações com amigos, novos assuntos nas rodas de bar, enfim uma nova safra de emoções vem a tona, aliviando-nos da exaustiva rotina diária.

Porém o esporte tem muito mais qualidades do que somente o entretenimento. Acredite caro(a) leitor(a), por mais que goste de assistí-los, praticar é até melhor.

Mas voltando ao assunto, ao ver a seleção brasileira tropeçando em suas próprias pernas, correndo riscos vindo de seus próprios erros, insistindo em táticas que comprovadamente não estão surtindo efeito, começo a lembrar as palavras de um sermão que ouvi num domingo na igreja: "você só perde para você mesmo"

Voltando do sítio com as crianças e a namorada, num daqueles istantes de introspecção, onde fico calado observando a afinidade que as três desenvolveram nestes quase seis meses de relacionamento, lembro das sábias palavras daquele domingo. Como consegui levantar e sacudir a poeira tão rápido? Como o passado passou a se resumir em algumas fotos no meio de tantas de outras penduradas na parede? Como a vida seguiu seu novo rumo de maneira quase imperceptível?

Ora é simples, decidido a seguir com minha vida, decidido a não comprometer mais minha felicidade, decidido a buscar minha individualidade, decidido a manter minhas filhotas por perto e felizes, o resto foi consequência.

É isso mesmo caro(a) leitor(a), percebi que estava jogando contra mim. Sem objetivos, sem um plano definido, sem uma visão pessoal a meu respeito, passei apenas a reagir, numa espécie de vôo no piloto automático, onde para cada acontecimento deveria haver uma resposta adequada, independente de minha vontade própria ou dos meus interesses pessoais. Isto acabou, graças a Deus.

Pode parecer meio óbvio para aqueles que já passaram por isto, mas alguns leitores(as) que deixaram seus comentários ou entram em contato pelo Orkut relatam situações semelhantes, e por isto volto ao assunto. Meu conselho?

Não tenho, infelizmente não consigo pensar em nada, não sei se terapia ajudaria, frequentar uma igreja, praticar esporte, arrumar um Hobby, fazer tudo isto junto. Na verdade, lembrando de um ótimo livro que ganhei de um amiga, só me vem à cabeça dizer para usar filtro solar. Não me entendam mal, não possuo a receita da felicidade, ela chegou sem avisar, aliás, estava batendo à minha porta há algum tempo, eu só estava ocupado demais, me atrapalhando sozinho, para poder atender.

sábado, junho 10, 2006

Tomando posições

Já se vão quase 10 meses desde que saí para minha nova vida, quer dizer, assim pensava, mas a vida tem dado tantas voltas que às vezes acredito que está sempre recomençando. Na verdade são apenas novos fragmentos, que em breve terão moldado uma nova maneira de viver, uma nova pessoa.

Há algumas semanas publiquei sobre a arte de dizer não, hoje chego a conclusão que a arte de dizer não é insufuciente, é preciso aprender a aprender a dar um basta no abuso que enfrentamos diariamente em nossas vidas.

São aquelas pequenas situações do dia-a-dia, que deveriam ser banais mas nos causam muitos problemas. Um atendente de telemarketing incompetente, um aluno implicante, um vendedor arrogante ou um segurança de banco cretino atrás da porta que não gira . Não que esta gente seja mal intencionada, ou representantes do lado negro da força. São apenas obstáculos menores que aprendemos a engolir por educação, por falta de disposição de enfrentá-los ou por puro cansaço.

Nestas úlimas semanas enfrentei todas as situações, coisas que geralmente aceitaria e me adaptaria só para não criar caso, transformaram-se radicalmente. De de banal não sobrou nada. Lutei por cada um deles como se fosse uma questão crucial merecedora de minha total atenção e disposição. Achei que estaria física e emocionalmente exausto após estes processos. Afinal é extremamente desgastante assumir uma posição assim.

Me enganei redondamente, ao final de cada dia, boa parte do peso que costumava estar sobre os ombros não dava sinais de que iria aparecer, o cansaço? ainda estava lá, mas aquele decorrente de uma jornada extrema de trabalho. Daquelas que começam às 7:00 e encerram às 23:00.

O que posso dizer aos caros(as) leitores(as) é simples, não aceitem mais nada, não se comprometam mais, não engulam mais. A falta de preparo, de educação, de respeito são os culpados e devem ser combatidos, não aceitos. Em meu caso em particular, não creio que deva entrar no mérito de quem tem razão ou do que houve com os envolvidos, só me interessa ter conseguido, de uma vez por todas, traçar uma linha. Pois assim, ao tomamos controle destas pequenas situções, damos um passo importante para controlar-mos nossas vidas.

segunda-feira, junho 05, 2006

Ausência

Recebo algumas cobranças por minha ausência nas postagens, pois estou desde 15 de maio sem nem uma palavra. Só posso pedir desculpas a queridos leitores, mas a verdade é que, com os prepartivos do almoço de comemoração de meu aniversário, o aumento da carga de trabalho na faculdade e um pau generalizado em meu laptop, tornaram a postagem nos blogs uma tarefa nada rotineira e este blog aqui acabou sofrendo.

Mas eis que um novo laptop está a caminho, o aniversário já passou, as férias estão chegando e tudo conspira para minha volta às postagens regulares.

Agradeço as visitas e prometo num futuro breve voltar à publicação regular, afinal minha pimpolha mais velha já está coobrando as estórias que o papai publicava na internet e mostrava nas quintas feiras, quando ela e a irmã dormem em casa.

Mais uma vez desculpem a demora, mas não se esqueçam de mim, pois eu volto em breve.

segunda-feira, maio 15, 2006

Até quando dar a outra face?

Acredito piamente que o conflito é natural do cotidiano e sua solução uma arte. Sempre procurei pautar minhas decisões de modo a resolvê-los e, se possível, não criar outros. Não importava, na época, o sentimento de se anular ante ao outro, o importante era manter a calma e acabar com aquilo.

Olhando para frente, pois para trás não iria adiantar nada agora, vejo como esta postura é errada.
Será que, num casamento, devemos sempre dar a outra face?
Será que, para manter uma família, devemos engolir ou suportar certas coisas pois a união deve ser preservada?
Será que, ao abaixar a cabeça, não estamos contribuindo para acabar com tudo?

Não sei, mas aprendi, numa audiência no despertar de dezembro, numa tarde chuvosa, uma palavra que passou a fazer toda a diferença em minha vida.

Uma palavra que acaba com aquele sentimento amargo da repressão da vontade, uma palavra que impede o nascimento do rancor, do arrependimento. Uma palavra que dá o início do processo de defesa dos interesses de quem mais importa, nós mesmo.

Aprendi com esta palavra a comprar as brigas certas, a brigar duro e mostrar que a outra face, além de mais dura é também a mais feia para aqueles que estão dispostos a me fazer o mal.

Em dezembro, caro(a) leitor(a), eu aprendi a dizer não.

terça-feira, maio 09, 2006

Construindo uma família

Chega Maio, mês de emoções, dia das mães, mês de ficar um ano mais velho, mês da família. Gosto de maio, da sonoridade de seu nome, das comemorações que começam com o aniversário da Comadre no dia 2, de um casal amigo nos dias 8 e 25, do compadre Peter no dia 17. O meu está no meio disto tudo. 41 aninhos, um bebê de espírito, com toda a experiência que precisava há muitos anos atrás.

Mas maio é antes de tudo o mês da família, aquilo que me foi arrancado cinco dias antes de completar 14 anos de seu início. Olhando da sala de audiências da 4a. Vara da família em dezembro, este maio tinha todas as condições para ser um mês triste, sem família, mais velho, enfentando um duro período na carreira, poucos seriam os motivos de comemoração. Me enganei redondamente em todas previsões.

Este maio farei outra festa, igual em conteúdo, melhor em qualidade, imensamente mais feliz. Pois se em 2005, não via o terremoto chegar, em 2006 vejo a reconstrução a todo vapor, onde as velhas e corroídas estruturas foram substituídas, por novas, mais sólidas, melhor acabadas.

A família está sendo refeita, as meninas adaptando-se às novas realidades e começando a fazer escolhas e projetos (a biblioteca começou afinal). Os familiares apresentando-se nos momentos mais difícies, cuidando dos seus da melhor forma que podem. Os amigos não se foram, ao contrário, se aproximaram, mostrando porque são considerados amigos. A comunidade da igreja sempre pronta a acolher um novo membro com todo o calor e apoio.

A família, contrariando a tendência da sociedade moderna defensora de valores aleatórios e não cristãos, recomeça mais forte, com a certeza que desta vez a onda terá de ser infinitamente maior, pois os valores estão definidos, as certezas mais fortes, a vontade invencível.

A família, fundamentada na palavra do Senhor, impermeável à moda, às novelas, aos filmes, aos noticiários, às celebridades vazias do mundo de Caras, será vencedora, será feliz, será possível. Mesmo que a mídia seja contra.

A família recomeça em 2006 com um novo membro, com um novo amor, nascido com a benção de Deus, no meio de sua igreja, com os valores corretos. Desta vez não serão necessários subterfúgios, amuletos, simpatias ou terapias, pois: "escolhei, hoje a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Josué 24 - 15)

Como sempre, ao lado dos três amores da minha vida, maio será um mês ótimo, feliz e ótimo.

quinta-feira, maio 04, 2006

Quinta-feira chegou

Quinta-feira, dia das crianças dormirem em casa, dia de ser feliz mais um pouquinho.

O trabalho desta semana, me impediu de blogar direito, e este blog acabou sentindo minha ausência. Mas quinta chegou, dia de ficar em casa à noite, dia de blogar aqui.

Aos leitores agradeço a paciencia por mais algumas horas, amanhã, mais inspirado pela deliciosa presença das minhas princesas em casa, volto a escrever.

Abraços a todos

terça-feira, abril 25, 2006

Projetos de vida

Decidi há algum tempo estabelecer uma meta na vida. Uma vez estabelecida, esta seria minha guia, meu rumo, minha estrela de navegação.

Pensei muito, pensei profissionalmente, mas não há nada, absolutamente nada (para minha surpresa também) que eu diria hoje ser uma atividade destinada a ser minha carreira futura. Talvez escrever, algumas leitoras tem me incentivado, meus blogs tem tido boa visitação, meu início de livro já tem alguns admiradores, minha primeira aventura no teatro foi deliciosa de escrever e atuar. Mas não sei se conseguiria, ainda preciso de tempo.

Pensei emocionalmente, mas como traçar um plano para encontrar alguém, se apaixonar e reconstruir a vida? Só o fato de fazer o plano já compromete seu resultado e me parece um pouco desesperado demais. É melhor deixar o barco correr, com certeza será mais excitante e gostoso.

De repente, como muitas coisas nesta vida louca, na volta da escola, estre um abraço, um beijo e as notícias do dia, minha filha mais velha (que carinhosamente chamo de Mandioca), provavelmente motivada pelo grande número de livros que tenho espalhados pela minha vida (na cabeceira, no banheiro, no carro, no escritório, na pasta, em qualquer lugar), manifesta o desejo de ter sua própria biblioteca. Idéia amplamente apoiada, entre um pulo e outro, pela menor (a Peteleca).

Eis que nasce, do nada, o projeto da biblioteca particular Papai e Filhotas, que será oficialmente inaugurado nesta quinta-feira (dia de dormir na casa do Pap's) com o primeiro livro delas. Escolhido em conjunto por nós três e adquirido ontem, num raro momento de tempo livre.

Quinta-feira minhas princesas ganham sua primeira Bíblia (edição especial para crianças, parecendo um lindo livrinho de estórias) e iniciam seu projeto da biblioteca com o Pap's. Estamos todos excitadíssimos com a provável cerimônia de inauguração e abretura de espaço na prateleira. Mal consigo dormir de ansiedade.

Mas é isso caro(a) Leitor(a), uma histórinha boba, nascida de uma idéia boba, que vai começar aos pouquinhos, mas que iremos curtir cada compra, cada livro novo e sua leitura em conjunto, aprooximando-nos aos pouquinhos, numa rotina exclusiva nossa, que ficará em nossos corações pelo resto da vida.

Quem sabe assim, um dia, elas decidam passar mais tempo por aqui. Mas aí é planejar e sonhar demais...

sábado, abril 22, 2006

De molho novamente

Agora é oficial, estou de cama. Recuperando de uma infecção pulmonar estou confinado em casa no feriadão. Também não é nada insuportável, as crianças viajaram com a mãe, a grana estava curta para alguma aventura rodoviária (quanto mais aérea), São Paulo vazia é até silenciosa, calma, fácil de gostar.

Tiro então este tempo para algum trabalho, reduzindo a culpa pela imobilidade, e uso o resto para mim. Seja um filme, seja no orkut ou blogando aqui e nos outros blogs que tenho espalhados por aí.

Fazendo uma retrospectiva de minha vida, um fato interessante surge. Não consigo me lembrar da última vez que fiquei assim, acho que nem havia casado, é uma experiência totalmente nova.

Quer saber caro(a) leitor(a), devia acontecer mais vezes. Ora, mas é claro que sei ser perfeitamente possível ficar em casa sem fazer nada por livre e expontânea vontade. Mas sinceramente, quantas vezes você fez isto? E quando era casado(a)?

Simplesmente, numa cidade como a nossa, num ritmo de vida agitado e conturbado entre trabalho, família e casa, acabamos desviando toda nossa energia de nós mesmo, abdicamos da pessoa mais importante em nossas vidas, nós mesmos. Mesmo se você for casado(a), caro(a) leitor(a), reflita sinceramente, quanto você se dedica a si mesmo(a)? compare com o tanto que se doa ou doou, se entrega ou entregou, abdica ou abdicou em nome de seu casamento?

Quer saber de onde vem o sentimento de vazio, quando tudo acabou?

Quer saber por que nos sentimos perdidos inicialmente, eufóricos depois?

Passamos nossas vidas conjugais abrindo mão de nós mesmos, passamos a priorizar a familia em detrimento de nossas vidas, como se dependesse de nossa anulação como pessoa para que a família sobreviva.

Quando chega neste ponto, na verdade, tudo acabou há tempos. Somente o piloto automático está ligado, mantendo o avião no ar, pois o piloto já saltou e o desastre é iminente.

Claro que não sou um mestre no assunto, mas quanto mais reflito, quanto mais olho para aqueles momentos que ainda trazem as melhores memórias do meu casamento, por incrível que pareça, estou sozinho ou apenas com as crianças.

Lembro do sentimento de felicidade ao correr de manhãzinha pelas ruas de Buenos Aires em nossa última viagem, enquanto ela dormia no hotel. Lembro de ensinar sozinho minhas filhas suas primeiras tacadas de golfe e da felicidade da mais velha ao perceber que aprendera. Lembro das manhãs de verão com as duas na piscina do clube, enquanto a mãe assitia tudo (ou não) de uma mesa distante no bar.

Enfim, posso trazer vários momentos felizes, iguais ao deste feriado, sozinho fazendo o que gosto e cuidando de mim. Às vezes, olhando para trás, penso, SE nós dois tivéssemos tentado isto desde o começo, o resultado seria diferente. Mas também, SE vovó tivesse rodas seria um calhambeque.

Aprenda a cuidar de si mesmo(a), e viva feliz, acho que funciona até para os casados.

terça-feira, abril 18, 2006

Estórias

Adoro Natal, Páscoa, dia das Mães, dos Pais e das Crianças. Não por causa dos presentes, que adoro dar e receber, mas por estar em família, sair para o grande almoço e as intermináveis conversas inúteis, que estarão esquecidas antes da próxima refeição em grupo.

Nesta Páscoa, depois de um feriado em família, de um culto belíssimo na igreja e coroado com um almoço de gente grande, fui pego de surpresa pela mais velha, do alto de seus oito anos de curiosidade pura.

A pergunta relativamente simples, deu abertura a uma dissertação administrativa que testou minha capacidade de viajar na maionese, dando-me o direito ao cartão Plantinum da Hellman's Air, rendendo também muitas gargalhadas na sala dos professores.
A pergunta? ora caro leitor, minha pimpolha linda quis saber se eu acreditava em coelho da páscoa. Ante a resposta afirmativa, disparou-se a mais longa série de questionamentos operacionais sobre o processo de fabricação e distribuição de ovos e brinquedos.

A conversa durou cerca de meia hora, tempo entre o restaurante e a dolorosa tarefa de entregar minhas princesas àquela cuja meta é afastá-las de mim. Neste curto trajeto discorremos com funcionava a operação distribuição de presentes e ovos, qual o papel dos pais, o financiamento desta generosidade gratuita de Papai Noel.

Sei que me diverti, falei muita bobagem, mas o mais importante, cultivei nas minhas filhas aquela inocência que a separação estava roubando um pouquinho por dia.

Que delícia de Páscoa foi esta.

quarta-feira, abril 12, 2006

Gente de valor

Há  alguns dias reluto em entrar num assunto que me incomoda. Na verdade não só a mim, como a muitas outras pessoas com quem tenho o prazer de conviver diariamente.
Digo pessoas pois uma daquelas coincidências do destino, me fez ver que, mais uma vez, isto não é um problema isolado.

Não é em termos, pois como homem, posso me dar ao luxo de ignorar o assunto. Porém, não me considero um homem moderno em termos de comportamento "conjugal". Sou das antigas, abro porta de carro, tiro o paletó em dia de frio para proteger a companhia, tomo chuva se o guada-chuva for pequeno.

Mas em diferentes conversas, percebi que há um certo consenso na desvalorização da mulher. Calma caros(as) leitores(as), não é todos os casos, mas vejo que gente muito bonita, inteligente e sociável tem reclamado a falta de parceiros. A maior queixa é encontrar homens que só pensam na próxima conquista, como se estivessem fazendo marcas na cabeceira da cama para controlar o ritmo do "abate". Homens que desistem ao primeiro sinal de dificuldade na obtenção do objetivo principal que norteia seu comportamento ao sair com uma garota, passar a noite juntos.

Ora senhores leitores, e porque não leitoras também, será que as relações sentimentais estão reduzidas à uma noite de prazer? Será que a conquista física é realmente superior em qualidade e bem estar, sobre uma conquista amorosa? Será que devemos nos contentar em viver solitários. enquanto provamos um parceiro por noite?

Acredito que não, sinceramente acredito que o sexo é resultado de uma relação mais profunda que a camada de perfume que passamos ao sair de casa. Sexo não é nem de longe uma experiência que valha a pena ser comparada com o ato de fazer amor. Sem amor é apenas um ato mecânico que pode ser comercializado nas melhores casas noturnas de São Paulo. O livro da Bruna Surfistinha está aí para provar isto.

Sei que o homem é um ser incorrigível, que ainda sucumbe àquela parte do cérebro que carrega um tacape e veste uma pele de leopardo, mas o próprio homem não consegue mais perceber que a satisfação física imediata, contribui para o grande vazio que se forma dentro de seu peito com o passar do tempo.

Às mulheres, pouco adianta recomendar, tenho a impressão que há muito mais mulheres solteiras disponíveis do que homens. Para um professor de marketing, isto equivale a dizer que o preço de mercado está caindo porque a oferta é grande. Querem saber, já caiu, pois hoje ninguém leva flores ou chocolates, quem abre a porta é o manobrista, quem a paga a conta sem dividir é trouxa.

Estão errados? claro que sim, mas quando encontramos muitas mulheres que aceitam se sujeitar a isto, não haverá sinal de mudança no ar. Perdemos todos com isto.

Não sou dono da verdade, mas me parece que quanto mais as mulheres se desvalorizam, menos os homens estão dispostos a pagar. Caindo assim numa espiral descendente, transformando a mulher em popozuda, cachorra, bandida entre tantos outros apelidos generosos e elogiosos.

Depois não adianta reclamar que ninguém respeita ninguém.

domingo, abril 09, 2006

Quando o medo se vai

Este final de semana ficará marcado em minha vida. Tudo por uma ida ao cinema, num compromisso esperado há meses, desde que soube que o filme "V de Vingança" iria finalmente estrear. Atrasos e atrasos depois, consegui finalmente cumprir meu compromisso assumido de vê-lo assim que estreasse.

Roteiro à parte, pois é muito político e consequentemente assunto diverso do que este blog se propõe, considero-o um dos melhores filmes que já vi.

Esquecendo a estória como um todo, há um ponto que me forçou usar o lenço, sempre à mão no bolso do paletó. Pois a cena é de uma profundidade, de uma densidade, de uma beleza, que é humanamente impossível ficar imune. A descarga emocional é simplesmente surpreendente. A beleza visual e a harmonia entre os personagens e suas vozes completam um quadro simplesmente comovente.

Sem prejudicar os(as) leitores(as), pois mesmo sabendo muito sobre a cena é impossível estar preparado - acreditem, conhecia a estória de cor e fiquei abalado.

O momento em que a personagem principal descobre que o medo se foi, em que ela decide enfrentar toda e qualquer terrível consequência de seus atos serena e confiante, diposta até a encarar a morte, se fosse necessário para defender o que acreditava.

Caro leitor(a), houve em minha vida um momento assim, onde a carga emocional, onde a pressão constante, onde a irracionalidade do outro, onde a falta de caráter e ética de pessoas em quem a confiança fora depositada, foram tão grandes que me levaram a tomar aquele decisivo passo em direção ao pelotão de fuzilamento.

Foi um momento libertador, onde a falta de opção minimamente aceitável, o abuso costante de nossas melhores qualidades e intenções e a violência da falta de honestidade mostram, bem claramente, a linha que não estamos dispostos a deixar ninguém cruzar. Foi o momento em que o medo sumiu, momento em que a possibilidade de perder tudo deixa de te paralisar e passa a te empurrar para frente.

Este final de semana queridos(as) leitores(as), senti de novo o alívio da perda do medo, senti de novo o gosto da liberdade recuperada, este fim de semana, muitos anos depois, me emocionei verdadeiramente no cinema.

A mera possibilidade de voltar a sentir esta euforia que a liberdade propicia, a saída do enorme peso de cima de meu peito e a recuperação do controle sobre minha vida, foram demais. Saí do cinema abalado, mas feliz, chacoalhado mas convicto, cansado mas aliviado.

Enfim, renovei-me como homem, recuperei sentimentos que se guardaram por anos num casamento emocionalmente estéril, revivi o ponto de inflexão de minha vida, onde a trajetória de queda altera sua descida e passa a apontar para a esperança.

Querido(a) leitor(a), se posso dar um conselho é este, prepare seu coração, abra a cabeça para o filme mais impactante, emocionalmente falando, que já vi, e vá ao cinema.

Você, como eu, merece.

quinta-feira, abril 06, 2006

Memórias

Nunca é fácil esquecer certas coisas, principalmente as ruins. É como se houvesse um espaço em nossa mente para o desagradável, para o triste, para o que incomoda. Bem separado, organizado, catalogado e disponível para uso futuro.

A contrapartida não é valida, coisas boas, momentos agradáveis acabam dando espaço para as lembranças do outro grupo. Numa espécie de exercício de auto flagelação, onde gostamos mesmo de nos sentir miseráveis e sofredores.

Nestes meses venho desenvolvendo alguns trabalhos que me forçam rever, relembrar e reescrever partes de minha vida passada. Num esforço para ser imparcial, para não deixar qualquer mágoa transparecer, ou direcionar o que escrevo - seja este blog, um livro ou peça de teatro - me forço a buscar ou reinterpretar os acontecimentos por diversas óticas.

O resultado surpreendeu-me de duas formas. a primeira foi a incapacidade inicial de buscar as boas lembranças, numa impressão de que, ou vivi meseravelmente nos últimos anos sem preceber, ou simplesmente os maus momentos sempre afloram mais rápido. Chego até lembrar de um ditado escatológico popular sobre "coisas que boiam".

A segunda surpresa foi na motivação de certos atos e acontecimentos, consegui - até sem muito esforço - encontrar mais de uma explicação plausível para cada evento do processo de separação. Calma caro(a) leitor(a), não quis dizer desculpável ou coisa que o valha, estou me referindo à impossibilidade de determinar quem teria mais razão. Concluo que ambos estavam, e provavelmente continuam, errados. O acerto da decisão de separar apenas atenuou as falhas em sua realização.

Contra fatos não há argumentos, mas contra as razões que geraram estes fatos há e, na tentativa de prevenir a repetição destes erros, talvez devessemos fazer, com certa frequência, este exercício.

Afinal, compreender o outro, jamais poderá nos fazer mais mal do que deconhecê-lo.

terça-feira, abril 04, 2006

A dor do não

Os que me conhecem sabem que faço de tudo por minhas filhas. Acompanharam a difícil fase do processo judicial onde tive de, para me defender de uma situação impossível, enfrentar minhas filhas, representadas pela mãe, no tribunal.

Hoje, com a ferida curada, ainda sinto uma pontada na consciência, que minhas advogadas fazem questão de dissipar ao questionarem os desfavoráveis termos em consegui forçar o acordo. Ora, é só dinheiro, não é muito e eu daria de qualquer jeito. Já dei até mais, pois para as pequenas o limite é mais elástico.

Mas não estava preparado para tudo, nem havia passado por tudo. Deus me mandou uma última porvação, a mais difícil, a mais dolorosa, a suprema provação de minha fé e amor por minhas gatinhas.

Na última vez que as vi, reclamaram de sentirem-se meio abandonadas pela mãe que, alegando excesso de tabalho, não mais faz as refeições junto, nem ajuda nas lições, nem as pôe na cama como fazia antes. Encerraram a conversa manifestando o desejo de morar comigo.

Não que não seja meu sonho, acho que seria sua realização. Mas as atuais condições me levaram a elaborar uma maneira de chamar a atenção da mãe e auxiliá-las de forma a continuar sob sua guarda.

A dor deste momento só não foi maior do que a certeza de estar fazendo o melhor para o momento. Sentir que ali havia a mãe de todas as oportunidades, deixá-la passar e aguardar uma nova chance foi extremamente difícil. Não é uma decisão que se toma pensando em nós mesmos. É a decisão de algo maior, é a mãe que prefere entregar o próprio filho do que ver a espada de Salomão em ação.

Sei que sou um bom pai, sei agora que todo o empenho e tempo dedicado a elas, está sendo apreciado. Sei que minhas filhas estão sempre ao meu lado, seja fisicamente ou só lembrando do final do semana com o papa. Sei que, como pai, posso ser melhor que uma mãe.

Me segurem, pois se minha filha acha que consigo qualquer coisa, então lá vou eu, para o alto e avante.

domingo, abril 02, 2006

Você vê a luz? (James Brown em "Blues Brothers")

Esta semana acredito ter atingido o fundo do poço. se havia um período do ano onde tudo podia dar errado, o meu acabou de passar.

O bom destas épocas, se é que podemos falar assim, é a possibilidade de uma total inversão de valores. Vinda da reflexão profunda de momentos de extremo stress - e acredite caro(a) leitor(a), falo em stress daqueles de vida ou morte - onde certas conclusões nos atingem como raios. esta inversão de valores, nos dá outra perspectiva da vida e uma nova forma de encará-la.

Até esta semana, alguns problemas tomavam dimensões gigantescas, o relacionamento com a ex, problemas da crianças, falta de grana, seguro vencido, falta de perpectiva no tabalho e coisas do gênero.

Hoje, depois de tudo, estou mais focado, mais consciente que, apesar das crianças ainda representarem tudo na minha vida, é mais do que passada a hora de tocar a vida pensando em mim. Rever meus valores, mudar algumas metas, conciliar as responsabilidades com as necessidades. Enfim a vida tende a nos arrastar para o turbilhão de responsabilidades externas, e nós, sempre prontos a nos colocar de lado, sucumbimos a um peso que carregamos sem necesidade.

O que vou fazer daqui para frente ainda não sei, mas garanto que vou interromper de vez o ritmo alucinado que um dia iria acabar me matando. Afinal, vi que a morte pode estar rondando e não quero ver minha vez chegar e começar a me arrepender de alguma coisa. Vai ser bom para a família, para as crianças e principalmente para mim.

terça-feira, março 28, 2006

Laços eternos

O fim de um casamento, ao contrário do que todos os envolvidos gostariam, não se traduz em fim de um relacionamento. Para se acabar com o relacionamento e seguir a vida em frente, com novos rumos, do zero sem qualquer tipo de ressentimento, de mágoa ou desconforto, somente a viuvez.

Todo casal que se separa, sempre carregará algum tipo de vínculo com o outro, sejam filhos, sejam amigos, sejam encontros com parentes. Sempre haverá alguma coisa que nos liga ao ex, quer gostemos disto ou não.

Até aí não há, ou deveria não haver, problema algum, mas como esperar que um novo relacionamento não se contamine com a presença do antecessor? como encarrar uma nova vida onde alguns hábitos - mesmo que saudáveis - nos remetem ao um passado que deve ser relevado? como conviver com o fantasma do encontro em situações públicas e embaraçosas?

Enfim, como proteger uma nova vida do contágio pelo passado?

Sinceramente caro(a) leitor(a), não tenho a menor idéia, já se vão meses desde minha saída - involuntária diga-se de passagem - e alguns laços teimam em não se romper, tranformando-se na verdade no nó gordio que deverá ser carregado por anos.

Acho que a frase: "o que Deus uniu, o homem não separa" é mais válida do que nunca, o problema do homem é pensar apenas na parte material dela. Justamente aquela que Deus não dá a minima.

Quem sabe, no dia que aprendamos a deixar de tentar sermos iguais a Deus, os nós voltem a ser laços, mais fáceis de lidar.

sexta-feira, março 24, 2006

Crescendo com os filhos

Em alguns momentos, menos frequentes a cada dia que passa, recordando partes de tudo o que passei durante a separação, deparo-me com situações em que uma linha invisível, aquela que separa o cidadão civilizado e educado do ogro de Cro-magnon, foi cruzada.

Costumo brincar que, nestas horas, uma pequena área do cérebro, aquela que veste uma pele de leopardo e carrega seu tacape na mão direita, toma controle do corpo, escurece a visão e faz tudo aquilo que abominaríamos se tivéssemos a mínima consciência do que está acontecendo.

Sei que o leitor ou leitora, neste momento, começa a se incomodar. Afinal todos passamos por isto e não é bom nem lembrar. Acreditem eu concordo. Toquei no assunto por dois motivos, o primeiro é exorcizar o ogro e aprender a lidar com ele. O segundo é para entender o que, pela primeira vez em minha vida, me tirou do sério daquela maneira.

Seis meses depois percebo que a mera perspectiva de passar um longo tempo sem ver minhas filhas, a tentativa da mãe de me afastar de sua educação ou aquelas pequenas picuinhas, criadas por membros da parte da família que voltou para o lado negro da força, eram o motivo.

Nestas reflexões descobri o leão que carregamos dentro de nós, descobri de onde vem a força para a superação de tudo e a vontade de lutar até o fim por algo. Nesta hora compreendemos o quanto somos capazes por um filho.

Hoje continuo com o mesmo tipo de sentimento primal, porém muito mais consciente de que posso também controla-lo. Enfim tenho passado muito mais tempo em contato com as meninas quando estamos juntos do que antes. Não digo que estou satisfeito com isto, pois nada substitui o beijo diário de bom dia ou boa noite na cama, o café da manhã juntos, ou a preguiça ao acordar de domingo.

Mas,, a verdade é que somos bem mais companheiros, conversamos mais, brincamos mais, curtimo-nos mais. Antes achava que seria minha responsabilidade o crescimento das meninas, hoje reconheço o privilégio de poder crescer junto com elas.

Talvez nunca tivesse descobrido como chegar a elas antes, talvez estivesse condenado a ser um pai mais distante por estar muito próximo. Mas o bom é ter me tornado um pai mais próximo, por estar distante.

Vai entender esta vida.

quarta-feira, março 22, 2006

Buscando a si mesmo

Pouco depois de sair de casa em outubro começo a perceber algo inquietante. Todos meus hábitos de casado começam a me perturbar.

As rádios, os programas de TV, estilos de filmes, tipos de livros, até aparência física. Enfim, qualquer coisa que me remetia ao passado, ou me relacionava com quem eu era na época de casado tornara-se insuportável de conviver.

Não posso dizer que fiquei triste, antigos Cd's, esquecidos durante os 14 anos de casamento, voltaram ao carro. Livros que desejava ler estão na mesa de cabeceira e espalhados pelo quarto. Uma nova pessoa começou a nascer naquele outubro. A redescoberta da fé também foi um passo natural, pois há muito me incomodava o distanciamento que a vida moderna impõe ao espírito.

Hoje, mais bem relacionado comigo mesmo, capaz não só de controlar, mas também de expor e usar minhas emoções diariamente, faz com que me sinta mais em paz, senhor de mim, capaz dos mais complexos desafios.

Obviamente este não é um blog estilo auto-ajuda. Nem pretende dar regras aos caros leitores sobre o que fazer em suas vidas. Este é só o relato de alguém que decidiu não chorar mais, de alguém que escolheu dedicar-se a si mesmo, em uma jornada solitária na intenção, porém repleta de pessoas importantes e companheiras no caminho. Esta é a história de um Jeremiah Johnson moderno.

A única coisa que posso aconselhar ao caro leitor, mesmo que não pretenda encerrar seu casamento, que a separação é algo tão longínquo a ponto de não merece ser sequer pensado, é:

Busque a si mesmo. Compreenda suas emoções a ponto de não se envergonhar delas. Ache seus valores mais fundamentais e reerga sua vida a partir deles. Pode ser uma mudança radical, pode ser tomar uma chícara de chá com alguém importante uma vez por semana.

A certeza que necessitamos para levantar da cama todas as manhãs vem daí. Se o ser humano tem suas características físicas em seuDNA, encontrado em todas as células do corpo, nossos valores são o DNA da alma, guias de nossas emoções e como nos relacionamos com elas.

A partir de nossos valores é que somos construídos como seres humanos. Ache-os e reencontre o ser humano que você é.

Foi o que fiz ontem e hoje, é que continuarei fazendo amanhã.

terça-feira, março 21, 2006

Saúde espiritual - parte I / V

Seguindo a linha do post de ontem, vou discorrer de uma pequena metodologia para a paz espiritual. Pode ser que cada um tenha sua própria alternativa. Pode ser que nem todos se interessem, mas estes cinco passos funcionaram e num piscar de olhos vi quão fácil era manter a sanidade no dia-a-dia. Bastava tentar.

Para sua saúde espiritual é preciso manter uma atitude positiva diante do sofrimento. Pois somente quando sabemos nos comportar diante de uma adversidade, seremos capazes de lidar com ela e seguir em frente.

Para os cristãos deixo as cartas so apóstolo Paulo, onde relatando todo o sofrimento que lhe foi impingido pelos inimigos dos cristãos, o apóstolo mostra-se firme e disposto a seguir com seu ministério da palavra do Senhor.

Para os não cristãos, deve haver em sua religião alguma passagem muito similar. Pesquise e procure manter a cabeça erguida, livre da tristeza e da auto-piedade. Pode pareer uma chavão, mas quem já passou e encerrou um processo de sepração sabe que, um dia, a tristeza passa.

Lembre-se sempre que o desepero, a desilusão, o desânimo e todas esta coisas boas que vem com as má notícias, são e serão sempre passageiras, e quanto mais positiva for nossa atitude, masi rápido tudo passará.

segunda-feira, março 20, 2006

Alma doente

Uma coisa do passado que não me esqueço é a miséria espiritual de certas pessoas. Por mais de uma vez vi no outro lado da família um sentimento de infelicidade inexplicado. Via as pessoas sempre à busca do conforto espiritual pelo consumismo. Vi gentesededicando à crença de qualquer coisa para aplacar a infelicidade que os assolava.

Não que isto fosse problema meu, mas o convívio com estas situações, mesmo que esporádico, me incomodava. Fitas vermelhas em soleiras de portas, olhos turcos contra mau olhado, copos com água e sal grosso dentro de armários, talismãs, patuás, numerólogos e cartomantes tratados como divindades. Só faltou um bezerro de ouro igual ao destruído por Moisés.

O lado bom da separação neste caso é o fim da convivência com esta pataquada e a volta de valores mais sólidos ao lar.

O leitor já começa a coçar a cabeça enquanto olha para o crital em sua mesa de cabeceira, pensa no gnomo em cima do monitor do computador da empresa, pensando que perdeu tempo lendo o blog errado ou que o blogueiro é um chato.

Calma caro(a) leitor(a), não vim aqui para condenar ninguém, este é o relato de algo que sempre me incomodou muito. A doença da alma, a fraqueza do espírito, a infelicidade eterna.

Pessoas que nunca conseguem encontrar a satisfação em suas vidas, convivem com um sentimento de tristeza eterna, sempre descontentes, sempre atrás dealgo que não virá.

Se você caro leitor sente-se assim, se convive com alguém na mesma situação, saiba, não há dinheiro ou remédio no mundo que aplaque este sentimento. É preciso cuidar de sua fé, de seu estado de espírito, de sua relação com Deus.

A boa nova é que isto tem cura e voltarei a falar sobre isto nos próximos posts.

domingo, março 19, 2006

Momento Família

Hoje, depois de um longo tempo, consegui repetir uma das melhores rotinas da vida de casado. Algo que fazia muita falta e cujas perspectivas de voltar a ocorrer num futuro próximo não eram das melhores.

Após uma manhã agitada por compromissos profissionais, foi possível um almoço a quatro no clube. Com direito a uma ida à Blockbuster escolher um filme para o final de semana, sorvete para as crianças, passeio de mão dada, dividir sobremesa e assitir televisão com criança no colo.

Vejo muita gente que se separa reclamando da falta de companheiros, da queda na qualidade das pessoas "disponíveis" e, em alguns casos, da falta de um relacionamento, digamos assim, físico de qualidade.

Não digo que meu caso fosse da falta de uma mulher, conheci várias, saí com algumas e posso dizer que todas eram pessoas maravilhosas. Mulheres de uma fibra, de uma inteligência, de uma sensualidade e de uma conversa sensacionais. Muito aprendi, muito descobri, muito cresci ao conhecer estas pessoas. Posso dizer que, por causa delas, hoje sou um homem melhor.

Mas ainda faltava algo, o vazio na alma permanecia, aquele sentimento de falta que nos pega desprevinidos, deixando um gostinho amargo ao final de cada dia. Como se estivéssemos incompletos.

Por uma brincadeira do destino (deixemos assim, um dia que sabe esta estória vem a tona), alguém surgiu em meu caminho. Num ritmo mais lento e cheio de nuances, encontros, desencontros e muita ansiedade, começamos a namorar.

Vencido o desafio da aceitação pelas crianças, diga-se de passagem, mais rápido do que esperava, edra só começar estabelecer duas rotinas, uma para os finais de semana a dois, outra para os momentos a quatro.

Hoje, caro leitor, fomos uma família, hoje tanto eu como as crianças irradiávamos uma felicidade indescritível, hoje era como se mamãe estivesse de volta. Fazendo exatamente o que curtíamos fazer num sabado de muito sol, calor e chuva no final da tarde.

Hoje, foi um dia muito bom, reconstruí a última parte da vida que fazia falta. Estou feliz.

sexta-feira, março 17, 2006

O primeiro dia do resto de nossas vidas

Às vezes ainda me lembro de minha primeira noite sozinho. Uma sexta-feira que teima em me assombrar de vez em quando, lembrando-me que nada na vida é garantido.

Por uma questão logística e financeira, decidi naquela época, dar um tempo na casa de meus pais. Afinal casa, comida e roupa lavada, sem nada em troca é algo a ser considerado com muito carinho.

Mas, e sempre rola um mas, sentado na minha cama aquela noite olhando todas as caixas de papelão, com o que restou de minha vida à minha frente, cheguei conclusão. Não importava o que havia ali, minha vida fora desmontada de forma brusca e inexperada. Estava com tudo que construí embalado para um dia, caso e quando saísse, tentar reconstruir tudo de novo .

Não sei quantos já se sentiram assim, não é só a perda de tudo. É a falta de perspectiva, é o sentimento do fracasso naquilo que deveria ser o principal. É o fundo do poço, e graças a Deus, momento onde muito começa a ser esclarecido.

Talvez o processo de separação pudesse ser mais lento, talvez tudo pudesse ter sido feito de forma diferente, mas, na verdade, ainda bem que não.

Naquela noite, vi a ficha cair. Percebi que minha vida seguiria outro rumo, que a estrada que trilhei por tantos anos acabara. Num entroncamento de várias pistas e viadutos, sem placa de aviso, sem indicação de direção, sem retorno.

O que eu fiz?

Ora escolhi um e fui seguindo, desta vez mais atento à sinalização. Não sei se estou no caminho certo, mas já pude mudar de rumo algumas vezes no momento certo, e a cada mudança sinto que as coisas vão se assentando e a vida melhorando.

terça-feira, março 14, 2006

Covardia

Acho que nunca esquecerei minha audiência de separação. Apesar de todos meus esforços para apagar esta lembrança triste, persiste a sensação ruim das quase três horas de discussão inútil na frente de completos estranhos.

Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que, nos quase 14 anos de casado, nunca havia sequer levantado a voz em uma discussão. Nunca havia discutido rispidamente com minha esposa. Enfim o que tinha tudo para virar uma grande amizade, virou a versão terrena do Inferno de Dante.

O pior de tudo que ainda me lembro, é o gosto amargo da violação de nossos princípios após uma briga, o horrível sentimento de haver exposto o demônio interior, de haver cedido ao lado Negro da Força. Depois de 14 anos de cumplicidade absoluta, virava uma espécie Dart Vader doméstico, cuja presença era a inspiração do mal puro.

Mas, voltando à audiência, vi naquele momento que nada teria a menor chance de florescer ou sobreviver ao sistema. O palco estava montado para a execução do matrimônio, entre comentários sobre a reversibilidade do processo, pás e mais pás de cal pura eram jogadas na cova rasa, onde 14 anos de um relacionamento, cheios de momentos felizes e alguns tristes, seriam sepultados para sempre.

Não sei se deveria falar assim, mas alguém deveria rezar para a alma dos advogados. A insensibilidade que os guia é impressionante. Sob o estandarte da defesa incondicional do cliente, os nobres doutores vendem sua alma ao demônio, conseguem com uma frieza impressionante transformar tudo em valores monetários, conseguem ignorar os sentimentos dos clientes, os interesses e a vida futura de quem deveriam preservar e ajudar, partindo para lutas onde os únicos vencedores são os próprios defensores.

Fiz inúmeros apelos para evitar os tribunais, fiz várias tentativas de acordos e de diálogo, para a cada passo deparar-me com um advogadog que,g ao acreditar estar defendendo sua cliente, ergeu uma barreira que culminou numa briga eterna, no fim de uma amizade harmoniosa, no fim de 14 anos de relacionamento amoroso, civilizado e sincero (ao menos eu espero).

É covarde o que espera aqueles que decidem seguir rumos separados, tudo no caminho conspira contra, tudo no caminho é desenhado para o conflito, tudo no caminho é feito para realçar os defeitos e cobrir a doces recordaçoes.

É uma pena, afinal, mesmo depois deste processo doloroso, não me arrependo dos 14 anos, da dedicação, da vida em família, de haver me casado. Vou além, não culpo o casamento, culpo seu processo de dissolução e a mentalidade daqueles que deveriam conduzí-lo com extremo cuidado.

Pois tenho certeza que vou me casar de novo.

segunda-feira, março 13, 2006

Olhando para trás

"Não sei como aguentei isto por tanto tempo..."

É um dos grandes fatos da vida, quantas vezes nos fazemos esta pergunta, em diversas formas é verdade, durante o período pós-separação. É como se descobríssemos nossa estupidez, recebendo a luz a cada momento trivial, que deixamos de nos importar, ou relevamos os desconfortos em pró de algo, que deveria ser maior.

Em algumas ocasiões vem a indefensável pergunta: "Se era tão ruim por que não foi embora?" E nós ficamos ali, parados, com a boca aberta, sem nenhuma desculpa ou resposta inteligente para o momento. Afinal, este é o ponto em que a outra parte está certa.

Muita calma nesta hora, afinal esta é uma situação que não se percebe no momento. Somente quando olhamos friamente para trás e a luz nos alcança. Isto pode acontecer numa corrida matinal, na esteira ou bicicleta de academia ou numa conversa íntima com um novo(a) parceiro(a).

Já enfrentei dezenas des vezes este pensamento, já me desapontei muito comigo mesmo. Enfim, já fiquei sem resposta para minha pergunta. O que posso dizer para ajudar alguém?

Simples, relaxe caro leitor, você não está sozinho neste mundo, todos passamos ou passaremos por isto. Se seu casamento acabou, muito provavelmente, já estava ruim para ambos, você só está percebendo isto mais tarde que a outra parte.

Hoje, depois de várias reflexões, depois de concluir que o sacrifício pessoal foi maior do que o racional, consigo decidir melhor, escolher melhor, ceder na medida certa, sabendo que não vou me questionar de novo. Os relacionamentos seguintes foram melhorando a cada experiência, em que a certeza do que queria orientou meus atos.

Acredite caros amigos, é possível ser feliz com os erros do passado.

sexta-feira, março 03, 2006

Abrindo a boca

É sempre muito difícil iniciar um texto. Pensei em diversas forma de fazer isto antes de abrir o blog, mas no final tudo se convertia em posts novos, nenhum adequado para iniciar algo.

Não quero contar a história da minha vida, primeiro por ser uma forma chata, segundo por não ter intenção de fazer deste blog um "querido diário". Já passamos da adolescência, e sinceramente não é para lá que gostaria de voltar no tempo.

A verdade é que queria transformar este blog numa mesa de bate-papo, onde, junto com os leitores, pudesse expor tudo que vivi e estou vivendo depois de uma conversa fatídica sobre a viabilidade de meu casamento.

Os nomes nunca serão verdadeiros, pois percebo que as semelhanças entre minha vida e de outros tantos cujos casamentos acabaram, não são mera coincidência. Outro motivo é não querer expor ninguém sem prévia autorização.

Sei que muitos não tem o hábito de comentar em blogs, preferem guardar seus segredos e sentimentos. Mas insisto em pedir comentários, pois estes podem ajudar algum outro leitor a enfrentar seus demônios e atravessar uma fase sempre muito penosa.

Bom, até aqui tudo bem, abraços a todos e bom fim de semana