domingo, abril 09, 2006

Quando o medo se vai

Este final de semana ficará marcado em minha vida. Tudo por uma ida ao cinema, num compromisso esperado há meses, desde que soube que o filme "V de Vingança" iria finalmente estrear. Atrasos e atrasos depois, consegui finalmente cumprir meu compromisso assumido de vê-lo assim que estreasse.

Roteiro à parte, pois é muito político e consequentemente assunto diverso do que este blog se propõe, considero-o um dos melhores filmes que já vi.

Esquecendo a estória como um todo, há um ponto que me forçou usar o lenço, sempre à mão no bolso do paletó. Pois a cena é de uma profundidade, de uma densidade, de uma beleza, que é humanamente impossível ficar imune. A descarga emocional é simplesmente surpreendente. A beleza visual e a harmonia entre os personagens e suas vozes completam um quadro simplesmente comovente.

Sem prejudicar os(as) leitores(as), pois mesmo sabendo muito sobre a cena é impossível estar preparado - acreditem, conhecia a estória de cor e fiquei abalado.

O momento em que a personagem principal descobre que o medo se foi, em que ela decide enfrentar toda e qualquer terrível consequência de seus atos serena e confiante, diposta até a encarar a morte, se fosse necessário para defender o que acreditava.

Caro leitor(a), houve em minha vida um momento assim, onde a carga emocional, onde a pressão constante, onde a irracionalidade do outro, onde a falta de caráter e ética de pessoas em quem a confiança fora depositada, foram tão grandes que me levaram a tomar aquele decisivo passo em direção ao pelotão de fuzilamento.

Foi um momento libertador, onde a falta de opção minimamente aceitável, o abuso costante de nossas melhores qualidades e intenções e a violência da falta de honestidade mostram, bem claramente, a linha que não estamos dispostos a deixar ninguém cruzar. Foi o momento em que o medo sumiu, momento em que a possibilidade de perder tudo deixa de te paralisar e passa a te empurrar para frente.

Este final de semana queridos(as) leitores(as), senti de novo o alívio da perda do medo, senti de novo o gosto da liberdade recuperada, este fim de semana, muitos anos depois, me emocionei verdadeiramente no cinema.

A mera possibilidade de voltar a sentir esta euforia que a liberdade propicia, a saída do enorme peso de cima de meu peito e a recuperação do controle sobre minha vida, foram demais. Saí do cinema abalado, mas feliz, chacoalhado mas convicto, cansado mas aliviado.

Enfim, renovei-me como homem, recuperei sentimentos que se guardaram por anos num casamento emocionalmente estéril, revivi o ponto de inflexão de minha vida, onde a trajetória de queda altera sua descida e passa a apontar para a esperança.

Querido(a) leitor(a), se posso dar um conselho é este, prepare seu coração, abra a cabeça para o filme mais impactante, emocionalmente falando, que já vi, e vá ao cinema.

Você, como eu, merece.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só por causa desse seu post, irei assistir o filme. Depois te conto!!