quarta-feira, julho 12, 2006

Pequenas indulgências

O dia a dia cansa, a rotina, os problemas, a contas, a teimosia do dinheiro em não durar até o fim do mês, o chefe paranóico, o subordinado indolente, o cliente mandão, o fornecedor tratante, o banco ladrão. Ufa!!! Seria bom se parasse por aí.

O que fazer? no meio do dia você tem aquela sensação de que o dia raiou contra você, vai ao banco e esquece o boleto que iria pagar, sai de casa e volta para pegar o celular, entra numa reunião sem os documentos imprescindíveis. Sentar e chorar é a primeira opção? Tudo bem caro leitor, homem não chora, enfarta.

Mas quero chegar a um ponto, lógico, o que fazer? para onde correr numa situação destas, onde tudo parece dar errado?

Não sei.

Claro que não sei caro(a) leitor(a), se soubesse estava rico vendendo livro de auto-ajuda ( se bem que acho que autores de auto-ajuda não sabem também). Mas para que ninguém saia daqui me chamando de impostor, vou fazer o que sei, contar uma estória minha.

Depois de uma rotina estressante de reuniões que não queria participar, de tempo perdido, de dinheiro perdido, de pequenas frustrações diárias, encontro-me às 4 da tarde num dilema, fujo do rodízio direto para casa?

Volto para o escritório e faço umas duas horas extras sozinho sem remuneração?

A resposta? nem um, nem outro, estava passando no clube para pagar a mensalidade, com atraso pois o boleto simplesmente desapareceu no dia de ser pago, vejo na porta da sauna, a ser reformada, um aviso dizendo que estaria aberta somente até ontem.

Resumo da ópera, três horas de merecido descanso, com direito a uma hora de sono pesado numa espreguiçadeira. Estou quase novo hoje.

Caro(a) leitor(a), há um conceito que ensino a meus alunos, o das pequenas indulgências, aqueles pequenos presentes que nos damos de vez em quando, alguns acabam culpando-se depois. Gastei demais demais dizem, engordei, enfiei o pé na jaca, enfim a consciência pesa lá na frente.

Desculpe consciência mas, sinceramente, dane-se, isso faz bem. Sendo a única maneira de mantermos a sanidade num dia ruim, ou num dia-a-dia massacrante. Ontem, pela primeira vez em meses, dormi como uma pedra, sem dores nas costas, sem o peso do trabalho, sem culpa.

Não sei se consigo fazer igual ainda este ano, a oportunidade foi única, mas outras estão na lista e não durmo mais com estas pequenas vontades reprimidas. Isso ninguém merece.

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