Nunca é fácil esquecer certas coisas, principalmente as ruins. É como se houvesse um espaço em nossa mente para o desagradável, para o triste, para o que incomoda. Bem separado, organizado, catalogado e disponível para uso futuro.
A contrapartida não é valida, coisas boas, momentos agradáveis acabam dando espaço para as lembranças do outro grupo. Numa espécie de exercício de auto flagelação, onde gostamos mesmo de nos sentir miseráveis e sofredores.
Nestes meses venho desenvolvendo alguns trabalhos que me forçam rever, relembrar e reescrever partes de minha vida passada. Num esforço para ser imparcial, para não deixar qualquer mágoa transparecer, ou direcionar o que escrevo - seja este blog, um livro ou peça de teatro - me forço a buscar ou reinterpretar os acontecimentos por diversas óticas.
O resultado surpreendeu-me de duas formas. a primeira foi a incapacidade inicial de buscar as boas lembranças, numa impressão de que, ou vivi meseravelmente nos últimos anos sem preceber, ou simplesmente os maus momentos sempre afloram mais rápido. Chego até lembrar de um ditado escatológico popular sobre "coisas que boiam".
A segunda surpresa foi na motivação de certos atos e acontecimentos, consegui - até sem muito esforço - encontrar mais de uma explicação plausível para cada evento do processo de separação. Calma caro(a) leitor(a), não quis dizer desculpável ou coisa que o valha, estou me referindo à impossibilidade de determinar quem teria mais razão. Concluo que ambos estavam, e provavelmente continuam, errados. O acerto da decisão de separar apenas atenuou as falhas em sua realização.
Contra fatos não há argumentos, mas contra as razões que geraram estes fatos há e, na tentativa de prevenir a repetição destes erros, talvez devessemos fazer, com certa frequência, este exercício.
Afinal, compreender o outro, jamais poderá nos fazer mais mal do que deconhecê-lo.
Em setembro de 2005 me vi só. 14 anos de minha vida usurpados sem dó. Incluindo meu bem mais precioso, minhas duas filhotas. A única alternativa, lutar pelo que é meu, e escrever minha história. A do homem que recomeçou sua vida do nada, em território hostil e desconhecido. A diferença do filme com mesmo nome? Eu fiquei numa selva moderna, sem um rifle Hawkin calibre 50. Quer saber mais? Leia e particpe das estórias de Jeremiah Johnson, mas cuidado, elas podem ser iguais à sua.
Um comentário:
JeJe .... continue .... pois tudo o que fazemos de e com o coração, sabemos que o caminho é certo.
Trabalhe melhor com esse seu novo dom e serás feliz!!!!
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