Nunca deixo de me espantar com o comportamento altamente previsível do ser humano. É uma daquelas coisas absolutamente inaceitáveis do ponto de vista lógico. Sabe-se que é errado, sabe-se o que é o certo mas, na hora da verdade, naquele momento de decisão tudo fica preto e só sai bobagem.
Num assunto banal ontem, numa daquelas situações onde não existe vitória ou derrota, apenas arranjos logísticos convenientes ou inconvenientes, a arrogância e o preconceito, como sempre, auxiliaram a pior decisão.
Confesso que gosto de política, participo, dou palpite, escrevo, enfim sou um sujeito mais ou menos envolvido. Voluntariamente, diga-se de passagem, nada profissional ou criminal como vimos nesta última eleição. Mas uma coisa que incomoda na política é a politização de todas as instâncias da vida. Algo que transforma qualquer evento em parte da batalha ganha-perde.
Bom foi o que aconteceu ontem, numa situação mais ou menos surpresa (pois o assunto havia sido comentado antes, sem a devida atenção do lado ouvinte), ao invés da parte prejudicada agir conforme o esperado, ao invés da parte aceitar o proposto ou procurar algum entendimento, imperou a arrogância de alguém desprevinida.
Resultado: uma decisão, claramente desfavorável, perda de tempo, correria, cansaço, fome (por impossibilitar a pausa para a refeição) e um volume de stress desnecessário. Tudo em nome da manutenção de uma posição pseudo-superior, uma "vitória" de princípios pessoais nada nobres. Sofrem os envolvidos, nada acontece ao outro.
Na sociedade medieval japonesa, tudo era válido em nome da honra, para salvar as aparências do derrotado, evitando a humiliação pública. O mesmo acontece na maioria dos casamentos desfeitos onde, para manter uma posição hipotética de vantagem, assume-se um fardo maior do que o necessário. No Japão este comportamento gerou o Sepuku ou Harakiri, cerimônia em que o suicídio é a única solução.
Num casamento desfeito, onde permanecem erguidas as espadas, é a mesma coisa, com a diferença de ambas as partes se suicidarem lentamente, ao longo de anos de batalhas infantis.
Em setembro de 2005 me vi só. 14 anos de minha vida usurpados sem dó. Incluindo meu bem mais precioso, minhas duas filhotas. A única alternativa, lutar pelo que é meu, e escrever minha história. A do homem que recomeçou sua vida do nada, em território hostil e desconhecido. A diferença do filme com mesmo nome? Eu fiquei numa selva moderna, sem um rifle Hawkin calibre 50. Quer saber mais? Leia e particpe das estórias de Jeremiah Johnson, mas cuidado, elas podem ser iguais à sua.
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