sábado, abril 22, 2006

De molho novamente

Agora é oficial, estou de cama. Recuperando de uma infecção pulmonar estou confinado em casa no feriadão. Também não é nada insuportável, as crianças viajaram com a mãe, a grana estava curta para alguma aventura rodoviária (quanto mais aérea), São Paulo vazia é até silenciosa, calma, fácil de gostar.

Tiro então este tempo para algum trabalho, reduzindo a culpa pela imobilidade, e uso o resto para mim. Seja um filme, seja no orkut ou blogando aqui e nos outros blogs que tenho espalhados por aí.

Fazendo uma retrospectiva de minha vida, um fato interessante surge. Não consigo me lembrar da última vez que fiquei assim, acho que nem havia casado, é uma experiência totalmente nova.

Quer saber caro(a) leitor(a), devia acontecer mais vezes. Ora, mas é claro que sei ser perfeitamente possível ficar em casa sem fazer nada por livre e expontânea vontade. Mas sinceramente, quantas vezes você fez isto? E quando era casado(a)?

Simplesmente, numa cidade como a nossa, num ritmo de vida agitado e conturbado entre trabalho, família e casa, acabamos desviando toda nossa energia de nós mesmo, abdicamos da pessoa mais importante em nossas vidas, nós mesmos. Mesmo se você for casado(a), caro(a) leitor(a), reflita sinceramente, quanto você se dedica a si mesmo(a)? compare com o tanto que se doa ou doou, se entrega ou entregou, abdica ou abdicou em nome de seu casamento?

Quer saber de onde vem o sentimento de vazio, quando tudo acabou?

Quer saber por que nos sentimos perdidos inicialmente, eufóricos depois?

Passamos nossas vidas conjugais abrindo mão de nós mesmos, passamos a priorizar a familia em detrimento de nossas vidas, como se dependesse de nossa anulação como pessoa para que a família sobreviva.

Quando chega neste ponto, na verdade, tudo acabou há tempos. Somente o piloto automático está ligado, mantendo o avião no ar, pois o piloto já saltou e o desastre é iminente.

Claro que não sou um mestre no assunto, mas quanto mais reflito, quanto mais olho para aqueles momentos que ainda trazem as melhores memórias do meu casamento, por incrível que pareça, estou sozinho ou apenas com as crianças.

Lembro do sentimento de felicidade ao correr de manhãzinha pelas ruas de Buenos Aires em nossa última viagem, enquanto ela dormia no hotel. Lembro de ensinar sozinho minhas filhas suas primeiras tacadas de golfe e da felicidade da mais velha ao perceber que aprendera. Lembro das manhãs de verão com as duas na piscina do clube, enquanto a mãe assitia tudo (ou não) de uma mesa distante no bar.

Enfim, posso trazer vários momentos felizes, iguais ao deste feriado, sozinho fazendo o que gosto e cuidando de mim. Às vezes, olhando para trás, penso, SE nós dois tivéssemos tentado isto desde o começo, o resultado seria diferente. Mas também, SE vovó tivesse rodas seria um calhambeque.

Aprenda a cuidar de si mesmo(a), e viva feliz, acho que funciona até para os casados.

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso messssssss: se meu pai fosse mulher eu teria 2 mães!!!
Mas vc não imagina como eu fico contente ao ler tudo isso!!!
Reflexões como essas só aparecem em certas ocasiões bem providenciais: vc precisou ficar doente pra perceber isso,da mesma maneira que eu precisei ficar com o pé engessado pra cair a minha ficha tómem!!!!
Parabéns JeJe .... vc está caminhando em direção certa ... continue assim!!!!
Bjs!!