terça-feira, julho 25, 2006

Duas mamães

Finalmente, quase ao final das férias, consigo viajar com minhas três garotas para o sítio. As duas filhotas não mais se aguentavam em São Paulo. Férias escolares é um período torturante para as pequenas, o amigos somem, as atividades diárias se reduzem e a vida fica um pouco chata.

Não foi nossa primeira viagem juntos, mas era como se fosse. As outras, sempre acompanhadas da família, foram um treino. Ajudaram um bocado pois pareciamos uma família feliz, para as meninas não havia diferença.

Claro que rolou um stress, dado momento, um dia antes de voltar, após a ligação quase diária da mãe, a pequena começa a chorar. Pronto, lá veio um daqueles momentos em que o fogo do inferno parece pouco, para quem faz uma criança tão triste.

"Estou com saudades da mamãe, eu não queria que vocês se separassem". Ai, essa doeu.

Mas a certeza de que tudo havia mudado para melhor ajudou a contornar a situação, onde um pequeno, mas poderoso, argumento, que jamais faria efeito se não fosse verdadeiro, surgiu e tudo se acalmou.

O que eu disse? Ora caro(a) leitor(a), só mostrei a ela que agora haviam duas mães, uma com quem morava, outra que estava ali conosco, cuidando tão bem quanto a primeira. O choro parou, veio o beijo de boa noite, o abraço, virou, pegou o ursinho de estimação e dormiu um sono tranquilo, de uma criança feliz.

Se o argumento funciona sempre? Sim, para mim funcionou e creio que funcionará muito ainda, graças a uma pessoa maravilhosa, que aceitou munhas filhas como suas, cuidando delas tão bem, ou melhor (mas ai vão dizer que isto é típico de ex recalcado) que a própria mãe.

Graças a essa mullher que soube amar uma família, não só o homem. Que aceitou fazer parte de algo maior do que só um casal, da próxima vez que ela chorar de saudade da mãe, tudo que precisarei fazer é perguntar de qual delas.

Bem aventurada a criança que tem este tipo de escolha pela frente.

segunda-feira, julho 17, 2006

De molho novamente

Pela primeira vez na vida, fiquei de cama pela terceria vez em menos de 12 meses. Isto nem minha mãe lembrava quando aconteceu. Imaginem, 41 anos, três gripes resultando em cerca de 10, isso mesmo, dez dias perdidos para a febre, dor e outras coisas boas que acompanham estes sintomas.

Má alimentação? Impossível, já fiz pior. Muito pior. Estava até melhorando desde que a namorada decidiu não largar do pé.

Doença anterior mal curada? Outra impossibilidade, segui à risca conselhos médicos e já estava sem sintomas da gripe anterior há quase 2 meses.

Falta de resistência física? Inacreditável, mas é a verdade, mesmo com suplemento de vitamina C, e complexos vitamínicos específicos, mesmo com casacos, cachecol, chapéu e todo cuidado para as noites frias, sucumbi pela terceira vez.

O cansaço resultante da energia gasta no pós-separação, cobrou seu preço. Os seis meses de batalha velada, de picuinhas e desgastes, finalmente tiveram de ser indenizados. As noites sem sono precisaram de reposição. Tudo na mesma semana, o corpo avisou: "cara, se você não vai parar, paro eu". Parou.

Estou bem, muito bem agora, dois dias de 18 horas de sono, várias refeicões de comida saudável ingerida, muito chá, muito suco, nada de álcool, nada de gordura fizeram a diferença. Agora é só ter cuidado e não deixar a coisa desandar mais.

Não dou conselhos, principalmente se aprendi pela dor, mas vou ter muito cuidado, vencer a guerra não pode custar minha vida. Se isto foi um aviso, foi entendido.

Ainda bem que a coleção de DVD's permite uma estadia forçada em casa, sem comprometimento da qualidade da diversão, nem nos condenando ao "Domingão do Faustão".

sábado, julho 15, 2006

Cuidado princesa crescendo

O maior pecado neste embroglio que foi o processo de separação, não foi sair de casa, ter itens de herança de família sequestrados, documentos desaparecidos e muito dinheiro desperdiçado. Afinal deu para viver sem ou providenciar substituições.

Pecado é não ver minhas gatinhas crescendo todo dia, perder dentinhos de leite, perder novas coisas que aprendem todo dia, ou aquelas frases espirituosas que surgem do nada.

Meio pecado na verdade, pois agora, elas cresceram, pouco mas o suficiente, o suficiente para compartilhar estas coisas comigo. Neste final de semana, mais à vontade ao ficar sozinhas com o pai e lidar com a esdrúxula situação de duas casas, elas deram show.

A menor, malandra e preguiçosa, aprendeu finalmente a andar de bicicleta, reclamou, praguejou, chutou a bicicletinha das poderosas, enfim tentou de tudo para desistir, mas ao final do dia, sob os gritos de "pedala, robinho", estava andando feliz da vida.

A mais velha decidiu no entanto me deixar de boca aberta e babando, primeiro por estar numa independência só, acordo pela manhã e a vejo tomando nota furiosamente em frente à televisão, na volta da cozinha ela me mostra o telefone e site da Polishop, onde vende uma chapinha que alisa, hidrata e desembaraça os cabelos mais revoltos sem danificá-los. No dia seguinte a mesma polishop volta em uma notinha com alguma cinta que a ajudaria esconder a barriguinha de excesso de sorvete. Hora da aula de marketing e televendas e duas das mais deliciosas horas de conversa.

À tarde na livraria Cultura, programa preferido das duas enquanto esperam o horário do cinema, vejo-a andando decidida de um lado para o outro. Na saída a supresa, um cartãozinho com o nome de uma cantora e uma música. A recomendação já dizia tudo: "pai o cd é muito caro, baixa da internet as músicas desta cantora e grava um cd para mim?"

Lágrimas de orgulho foram enxugadas imediatamente, para não me trair. Já se foram três Cd's na base do cartãozinho.

A semana estava ganha, pode levar mãe, elas também crescem com o pai, podem viajar com a avó, depois é minha vez de novo e outras coisas virão. Mas, quando tudo parecia ter passado e a semana de saudade começado, elas tinham que fechar com chave de ouro.

Domingo é dia de escola dominical na igreja, pela regra do final de semana elas faltariam esta semana, afinal a mãe já tentou de tudo para afastá-la de lá. Pena, haveria uma exposição e elas já estavam com um cartaz pronto, texto decoradinho, enfim prontas para se mostrar. Até pensei em gravá-las com a Webcam e deixar uma presença virtual, mas a idéia não vingou. Fazer o que?

E não é que elas covenceram a mãe e a avó a voltar mais cedo de viagem para poder ir à igreja. Já acertaram o horário para pegá-las e devolvê-las, tudo sozinhas.

Ninguém mais segura minhas princesas. Ainda bem...

quarta-feira, julho 12, 2006

Pequenas indulgências

O dia a dia cansa, a rotina, os problemas, a contas, a teimosia do dinheiro em não durar até o fim do mês, o chefe paranóico, o subordinado indolente, o cliente mandão, o fornecedor tratante, o banco ladrão. Ufa!!! Seria bom se parasse por aí.

O que fazer? no meio do dia você tem aquela sensação de que o dia raiou contra você, vai ao banco e esquece o boleto que iria pagar, sai de casa e volta para pegar o celular, entra numa reunião sem os documentos imprescindíveis. Sentar e chorar é a primeira opção? Tudo bem caro leitor, homem não chora, enfarta.

Mas quero chegar a um ponto, lógico, o que fazer? para onde correr numa situação destas, onde tudo parece dar errado?

Não sei.

Claro que não sei caro(a) leitor(a), se soubesse estava rico vendendo livro de auto-ajuda ( se bem que acho que autores de auto-ajuda não sabem também). Mas para que ninguém saia daqui me chamando de impostor, vou fazer o que sei, contar uma estória minha.

Depois de uma rotina estressante de reuniões que não queria participar, de tempo perdido, de dinheiro perdido, de pequenas frustrações diárias, encontro-me às 4 da tarde num dilema, fujo do rodízio direto para casa?

Volto para o escritório e faço umas duas horas extras sozinho sem remuneração?

A resposta? nem um, nem outro, estava passando no clube para pagar a mensalidade, com atraso pois o boleto simplesmente desapareceu no dia de ser pago, vejo na porta da sauna, a ser reformada, um aviso dizendo que estaria aberta somente até ontem.

Resumo da ópera, três horas de merecido descanso, com direito a uma hora de sono pesado numa espreguiçadeira. Estou quase novo hoje.

Caro(a) leitor(a), há um conceito que ensino a meus alunos, o das pequenas indulgências, aqueles pequenos presentes que nos damos de vez em quando, alguns acabam culpando-se depois. Gastei demais demais dizem, engordei, enfiei o pé na jaca, enfim a consciência pesa lá na frente.

Desculpe consciência mas, sinceramente, dane-se, isso faz bem. Sendo a única maneira de mantermos a sanidade num dia ruim, ou num dia-a-dia massacrante. Ontem, pela primeira vez em meses, dormi como uma pedra, sem dores nas costas, sem o peso do trabalho, sem culpa.

Não sei se consigo fazer igual ainda este ano, a oportunidade foi única, mas outras estão na lista e não durmo mais com estas pequenas vontades reprimidas. Isso ninguém merece.

segunda-feira, julho 10, 2006

Férias.

Enfim férias, passo, a partir desta semana, a ter um pouco mais de controle sobre minhas noites. Até agosto claro, quando volta a rotina de aulas, trabalhos, alunos e muito cansaço.

Mas, mesmo ainda finalizando as obrigações burocráticas esta semana, deu para sentir os efeitos e as próximas três semanas prometem repor um pouco das energias. Digo pouco pois não adianta culpar o trabalho, muito ainda se deve ao traumático processo da separação e da reconstrução de minha vida.

Porém a maior parte do caminho está percorrida, as crianças estão se adaptando bem, os programas em família, o relacionamento com a namorada. Enfim em casa tudo anda bem. O problema é ainda é profissional, mas isto se resolve. Agora estou de férias, vou ficar na cama até as oito (pelo menos uns dois ou três dias), vou viajar (um final de semana de uns 4 ou 5 dias), vou me planejar.

Acho que não esperava em tão pouco tempo conseguir encontrar alguém, nem que as meninas fossem aceitar tão facilmente, nem que se dessem tão bem. Acho que se fosse diferente estaria até mais cansado ainda, mas o importante é sentir a vida começar a andar para frente pois até dezembro ainda estou acorrentado ao passado, até dezembro estarei também pagando por compromissos assumidos em audiência, até dezembro ainda é 2006, o ano de por a casa em ordem. Bem, metade de 2006 passou e metade da casa foi arrumada, beleza.

Agora não vou pensar mais nisto, chegaram as férias. Tempo de decidir o que fazer, seguir o teatro? terminar o livro que finalmente comecei a escrever? increver-me para o doutorado? chutar o balde e mudar de emprego?

Serão mais seis meses, mais um semestre para por uma direção na minha vida, mais um semestre para virar a página de vez, mais um semestre para parar de olhar para trás, um semestre para dedicar toda minha energia em crescer na nova vida,um semestre para o cansaço ir embora.

Isso é bico.

terça-feira, julho 04, 2006

Dura lição

Neste sábado o desastre se abateu sobre nós. Numa partida vergonhosa o Brasil foi entregue numa bandeja de prata para a França, pela terceira vez seguida, criando um precedente que ameça a se tornar um tabu.

Mas o triste mesmo não foi ver um bando de marmanjos com cara de idota, tentando entender o que havia ocorrido dentro do campo e como a vitória certa e anunciada não veio.

Triste foi ver minha filhota tirar a camisetinha amarela nova, que vestira com muita alegria para ver o Brasil ser campeão, e jogá-la no cesto de lixo, dizendo estar furiosa. É duro ver uma criança tão novinha descobrir a vergonha.

Ainda bem que a Disney lançou um novo filme. Domingo estava tudo esquecido e a vida toma seu rumo...