segunda-feira, outubro 22, 2007

O SHOW

Bem, depois de um fim de semana meio para baixo, tive uma última promessa a pagar. Quando deveria estar bancando o papai, tive de bancar o titio.

E, cumprindo a tarefa prometida à minha irmã, acompanhei minhas sobrinhas adolescentes a um concerto de algo que se assemelha a muito a rock.

Há anos que não participava de algo tão bizarro. Pois para um cara que foi a pé e voltou do Morumbi para ver o Queen. Dançou na lama no Rock in Rio I, correu depois do vestibular para ver Van Hallen e enfrentou 10 horas de fila para o KISS, ir ao Tom Brasil assistir quatro moleques barrulhentos é programa de moça.

O programa foi divertido, duas horas em pé numa fila com duas adolescentes que, como a grande maioria ali, morriam de vergonha de ir sob supervisão de um adulto. Dai, mais uma hora e quinze parado esperando o show começar.

A cada movimento atrás das cortinas e as meninas (todas, não só as sobrinhas) enlouqueciam, gritando histéricas pelo conjunto. Pelo menos pude sentar num canto enquanto esperava para saber o que os caras tocavam.

De repente, num clima meio épico, com direito à música classica e tudo, começa a pauleira.

Por mim saía correndo de lá neste momento, a sonzeira era infernal, com graves numa altura que sentia o peito vibrar. O vocalista, um tipinho que fazia o Fred Mercury parecer macho, urrava alguma coisa enquanto pulava feito uma gazela. Cheio de trejeitos e de jogadas de cabelo recém saídos da chapinha, até ensaiou se jogar no meio da platéia, que, meio lenta, nem foi capaz de trucidá-lo e abreviar o sofrimento dos adultos.

Mas a vantagem de show de rock moderno é a comodidade das casas de espetáculo. Banheiro limpinho, proibido fumar, lotado de seguranças gigantescos e um bar em uma sala separada onde poderia ver o show no telão, sem ficar surdo.

Então, três cervejas depois, saem duas sobrinhas exauridas e felizes e posso voltar para casa.

Se não considerarmos a perda do Pânico na TV e o fato de estar parecendo meu pai descrevendo os shows que eu costumava ir, valeu por poder curtir as sobrinhas, já que as filhas estão longe.

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