Bem, depois de um fim de semana meio para baixo, tive uma última promessa a pagar. Quando deveria estar bancando o papai, tive de bancar o titio.
E, cumprindo a tarefa prometida à minha irmã, acompanhei minhas sobrinhas adolescentes a um concerto de algo que se assemelha a muito a rock.
Há anos que não participava de algo tão bizarro. Pois para um cara que foi a pé e voltou do Morumbi para ver o Queen. Dançou na lama no Rock in Rio I, correu depois do vestibular para ver Van Hallen e enfrentou 10 horas de fila para o KISS, ir ao Tom Brasil assistir quatro moleques barrulhentos é programa de moça.
O programa foi divertido, duas horas em pé numa fila com duas adolescentes que, como a grande maioria ali, morriam de vergonha de ir sob supervisão de um adulto. Dai, mais uma hora e quinze parado esperando o show começar.
A cada movimento atrás das cortinas e as meninas (todas, não só as sobrinhas) enlouqueciam, gritando histéricas pelo conjunto. Pelo menos pude sentar num canto enquanto esperava para saber o que os caras tocavam.
De repente, num clima meio épico, com direito à música classica e tudo, começa a pauleira.
Por mim saía correndo de lá neste momento, a sonzeira era infernal, com graves numa altura que sentia o peito vibrar. O vocalista, um tipinho que fazia o Fred Mercury parecer macho, urrava alguma coisa enquanto pulava feito uma gazela. Cheio de trejeitos e de jogadas de cabelo recém saídos da chapinha, até ensaiou se jogar no meio da platéia, que, meio lenta, nem foi capaz de trucidá-lo e abreviar o sofrimento dos adultos.
Mas a vantagem de show de rock moderno é a comodidade das casas de espetáculo. Banheiro limpinho, proibido fumar, lotado de seguranças gigantescos e um bar em uma sala separada onde poderia ver o show no telão, sem ficar surdo.
Então, três cervejas depois, saem duas sobrinhas exauridas e felizes e posso voltar para casa.
Se não considerarmos a perda do Pânico na TV e o fato de estar parecendo meu pai descrevendo os shows que eu costumava ir, valeu por poder curtir as sobrinhas, já que as filhas estão longe.
Em setembro de 2005 me vi só. 14 anos de minha vida usurpados sem dó. Incluindo meu bem mais precioso, minhas duas filhotas. A única alternativa, lutar pelo que é meu, e escrever minha história. A do homem que recomeçou sua vida do nada, em território hostil e desconhecido. A diferença do filme com mesmo nome? Eu fiquei numa selva moderna, sem um rifle Hawkin calibre 50. Quer saber mais? Leia e particpe das estórias de Jeremiah Johnson, mas cuidado, elas podem ser iguais à sua.
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