A volta da escola, algo que fiz questão de manter para ver a meninas todos os dias, é sempre uma surpresa. Há dias em que tudo corre bem, as fofinhas estão felizes e o caminho é tranquilo. Mas há dias em que é melhor bancar o chofer de taxi, ficando quieto para não sobrar uma bronca de baixinha mal humorada.
Num dos dias bons elas me pediram uma estória de sua infância, algo a ver com lição de casa, ou para competir com a amiguinha no recreio do dia seguinte.
Nessas horas as melhores estórias refugiam-se em algum canto escuro do cérebro, como se se protegessem da exposição ao sol, e pouca coisa útil vem à mente. É impressionante, há dezenas delas, quase não lembrei de nenhuma.
Mas graças à inspiração divina, lembrei de um dia na maternidade, menos de 3 horas do nascimento da Peteleca (a mais nova), em que a Mandioca (a mais velha, na ocasião com 1 ano e 10 meses) chegou para ver a irmãzinha pela primeira vez.
Neste ponto cabe uma explicação. Naturalmente, a Mandioca é uma menina ansiosa e expansiva, no dia do nascimento da irmãzinha ela estava ligada em 72 rotações.
Depois de roubar os sucos e gelatinas das bandejas de almoço que estava no corredor, de ter visitado clandestinamente o berçário, de entrar em todos os quartos do andar, de subir na lateral de um dos carrinhos da maternidade e quase se perder nos elevadores de serviços, fui procurado pelo segurança da maternidade e convidado, não tão gentilmente, a retirar a mocinha para a pediatira dois andares acima, onde um tipo de parquinho havia sido montado para as crianças e, quem sabe lá, ela poderia gastar um pouco da energia acumulada.
E lá fui eu, com minha pequena pestinha, expulsa de um local público com menos de dois aninhos, refletindo como seria a vida com duas delas em casa. Preocupação esta que durou muito pouco, pois o papo com os outros pais, também expulsos da maternidade com seus anjinhos, estava tão bom e animado, que nem lembrei porque havia ido para lá.
Em setembro de 2005 me vi só. 14 anos de minha vida usurpados sem dó. Incluindo meu bem mais precioso, minhas duas filhotas. A única alternativa, lutar pelo que é meu, e escrever minha história. A do homem que recomeçou sua vida do nada, em território hostil e desconhecido. A diferença do filme com mesmo nome? Eu fiquei numa selva moderna, sem um rifle Hawkin calibre 50. Quer saber mais? Leia e particpe das estórias de Jeremiah Johnson, mas cuidado, elas podem ser iguais à sua.
2 comentários:
Oi Jeremias,
Obrigada por ter me add e pelo o elogio ao meu cafofo (ele é pobre, mas é limpinho)
Agora, me diz uma coisa ... Mandioca e Peteleca de onde vc tirou esses apelidos? rs
Bjks,
Frau V
Se você as conhecer, verá que são a carinha delas.
Mandioca é uma brincadeira com o nome dela (escolhido a dedo por não permitir rimas ou gracinhas), veio de um amiguinho, o Danny-boy, aos dois anos de idade, achei tão bonitinho que adotei imediatamente.
Peteleca é pelo jeito sapeca da minha loirinha, que tem a vida nos olhos e um sorriso franco e maroto e que está sempre pronta a te sacanear se houver uma chance.
bjs
JJ
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