sábado, fevereiro 24, 2007

REFLEXÕES DE CORREDOR

Semana curta é engraçado. Já começamos atrasados, precisando cobrir o dia que não aconteceu.

Lembro, de uma terça, após um feriado, em que fui bancar o advogado e cimentar mais um tijolo numa separação que, pelo andar da carruagem, vai acabar mal.

A tarefa era simples, apressar ou agilizar o caminhamento de um pedido judicial, cujo motivo não vem ao caso neste post. Quer dizer, não que não fosse importante, mas está resolvido e encerrado.

Porém, em minha epopéia jurídica, passei algumas horas em pé em corredores esperando. Um cartorário preparar algo, um juiz despachar, o promotor ler, coisas assim. Foi quando tomo contato com a miséira humana.

Não aquela miséira física, da falta de dinheiro e comida, mas da miséira de espírito, das pessoas que dedicam suas vidas a atazanar a vida de outros. Gente que não aceita ver a vida do ex continuar, o emprego indo bem, relacionamentos serem construídos, o caminho para a felicidade sendo repavimentado.

Numa ironia absurda, acabo sentado ao lado de um problema igual, tão igual que todos os envolvidos acreditavam tratar-se das duas partes do mesmo processo. A advogada, com quem passeio a tarde conversando, precisava da mesma autorização que eu. Com um agravante, o caso dela era pura birra de uma ex mesquinha que queria aumentar sua pensão de 60 e tantos salários mínimos e usava as crianças como moeda de troca. Já eu enfrentava uma ex mesquinha que usava as crianças como moeda de troca por dinheiro.

É pensando bem, os casos, respeitando-se a diferença de valores, eram idênticos. Onde o bem das crianças é a última coisa que se passa na cabeça de quem reclamou o direito de zelar por elas.

Saí feliz naquele dia, com o documento certo em mãos, venci uma importante batalha (e seus desdobramentos depois) - a primeira iniciada por mim, que resultou em grande felicidade para muita gente (que um dia será relatada aqui) - mas também um pouco apreensivo, pois o mesmo juiz, da mesma vara, no mesmo tipo de caso, ao mesmo tempo, de um lado me atendeu, do outro exigiu mais documentos e agendou uma audiência.

Como é possível essa discrepância, um sai atendido e outro não?
Como um juiz pode decidir a mesma coisa de duas formas?

Saiba caro(a) leitor(a), pode e fazem, sem qualquer explicação, remorso ou culpa. Cheguei, algum tempo depois, que a justiça é uma palhaçada. Comandada e operada por pessoas completamente irresponsáveis, insensíveis e sucetíveis a seus egos inflamados e piniões absurdas.

Infelizmente, como pretendo relatar nas próximas postagens sobre três meses na "Zona além da imaginação", estamos nas mão de loucos.

Nenhum comentário: