Foram quase três meses de ausência sem qualquer explicação, uma verdadeira grosseria com os(as) leitores(as), mas justificável.
Justificável sim, talvez imperdoável para alguns, mas não vim aqui para mea culpas ou perder tempo com pedidos de perdão. Sei que errei em sumir, mas não havia condições para escrever. Os próximos posts se encarregarão de esclarecer o mistério, além de serem uma coleção de boas estórias. O que importa é que a cabeça está boa, as filhotas e a namorada felizes e a vida continua.
Pois estava eu, um dia, curtindo algumas vitórias nesta longa batalha judicial que a vida se transformou, afinal conseguira a autorização de viagem que a mãe negava, passaportes estavam emitidos, procedimentos para os vistos tomados, enfim tudo caminhava para a paz que simboliza o mês de dezembro. O fim de ano prometia.
Eis que, lá pelo final da manhã, atendo minha advogada com a notícia de que, por alguma brincadeira do destino, um juiz alucinado - acatando uma promotora mais alucinada ainda - decidiu que eu deveria ser preso. Independente de argumentos e documentos apresentados, estava decidido, mandato expedido e providencias deveriam ser tomadas para minha captura.
Não me lembro de pânico, nem de irritação ou qualquer reação deseperada. Aliás, tentando me recordar daquele momento, pouco me vem da minha reação. Liguei para alguns amigos, arrumei uma mala e parti para um exílio de quase dois meses em casas de gente com bom senso, solícitas em caso de necessidade, apertando ainda mais laços de amizade que nunca duvidei existirem.
A partir deste post, caro(a) leitor(a), vou expurgar os 60 dias mais loucos que já passei e convido-o(a) a participar. Não por querer por em pratos limpos, para me justificar alguma coisa (afinal poucas pessoas que me conhecem sabem deste blog), mas porque faz bem refletirmos sobre certas coisas. É um caminho de auto-conhecimento, de amadurecimento, que nos dá uma incrível capacidade de virar a página e não mais nos abalarmos com acontecimentos de qualquer natureza.
Explodi com um monte gente neste período, um monte de gente explodiu de volta, mas também demos muitas risadas com o assunto em alguns momentos, amigos se abriram como nunca haviam feito, a família se uniu para um novo desafio. A vida não podeira ter sido mais intensa, como um esforço coletivo para reconstrução após um furacão ou coisa parecida.
Na verdade nem tudo são rosas. Mas no final, lembrando um clásico do cinema de ação, aquilo que não nos mata, nos torna mais fortes.
Nós, hoje, estamos muito mais fortes.
Em setembro de 2005 me vi só. 14 anos de minha vida usurpados sem dó. Incluindo meu bem mais precioso, minhas duas filhotas. A única alternativa, lutar pelo que é meu, e escrever minha história. A do homem que recomeçou sua vida do nada, em território hostil e desconhecido. A diferença do filme com mesmo nome? Eu fiquei numa selva moderna, sem um rifle Hawkin calibre 50. Quer saber mais? Leia e particpe das estórias de Jeremiah Johnson, mas cuidado, elas podem ser iguais à sua.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
sábado, fevereiro 24, 2007
REFLEXÕES DE CORREDOR
Semana curta é engraçado. Já começamos atrasados, precisando cobrir o dia que não aconteceu.
Lembro, de uma terça, após um feriado, em que fui bancar o advogado e cimentar mais um tijolo numa separação que, pelo andar da carruagem, vai acabar mal.
A tarefa era simples, apressar ou agilizar o caminhamento de um pedido judicial, cujo motivo não vem ao caso neste post. Quer dizer, não que não fosse importante, mas está resolvido e encerrado.
Porém, em minha epopéia jurídica, passei algumas horas em pé em corredores esperando. Um cartorário preparar algo, um juiz despachar, o promotor ler, coisas assim. Foi quando tomo contato com a miséira humana.
Não aquela miséira física, da falta de dinheiro e comida, mas da miséira de espírito, das pessoas que dedicam suas vidas a atazanar a vida de outros. Gente que não aceita ver a vida do ex continuar, o emprego indo bem, relacionamentos serem construídos, o caminho para a felicidade sendo repavimentado.
Numa ironia absurda, acabo sentado ao lado de um problema igual, tão igual que todos os envolvidos acreditavam tratar-se das duas partes do mesmo processo. A advogada, com quem passeio a tarde conversando, precisava da mesma autorização que eu. Com um agravante, o caso dela era pura birra de uma ex mesquinha que queria aumentar sua pensão de 60 e tantos salários mínimos e usava as crianças como moeda de troca. Já eu enfrentava uma ex mesquinha que usava as crianças como moeda de troca por dinheiro.
É pensando bem, os casos, respeitando-se a diferença de valores, eram idênticos. Onde o bem das crianças é a última coisa que se passa na cabeça de quem reclamou o direito de zelar por elas.
Saí feliz naquele dia, com o documento certo em mãos, venci uma importante batalha (e seus desdobramentos depois) - a primeira iniciada por mim, que resultou em grande felicidade para muita gente (que um dia será relatada aqui) - mas também um pouco apreensivo, pois o mesmo juiz, da mesma vara, no mesmo tipo de caso, ao mesmo tempo, de um lado me atendeu, do outro exigiu mais documentos e agendou uma audiência.
Como é possível essa discrepância, um sai atendido e outro não?
Como um juiz pode decidir a mesma coisa de duas formas?
Saiba caro(a) leitor(a), pode e fazem, sem qualquer explicação, remorso ou culpa. Cheguei, algum tempo depois, que a justiça é uma palhaçada. Comandada e operada por pessoas completamente irresponsáveis, insensíveis e sucetíveis a seus egos inflamados e piniões absurdas.
Infelizmente, como pretendo relatar nas próximas postagens sobre três meses na "Zona além da imaginação", estamos nas mão de loucos.
Lembro, de uma terça, após um feriado, em que fui bancar o advogado e cimentar mais um tijolo numa separação que, pelo andar da carruagem, vai acabar mal.
A tarefa era simples, apressar ou agilizar o caminhamento de um pedido judicial, cujo motivo não vem ao caso neste post. Quer dizer, não que não fosse importante, mas está resolvido e encerrado.
Porém, em minha epopéia jurídica, passei algumas horas em pé em corredores esperando. Um cartorário preparar algo, um juiz despachar, o promotor ler, coisas assim. Foi quando tomo contato com a miséira humana.
Não aquela miséira física, da falta de dinheiro e comida, mas da miséira de espírito, das pessoas que dedicam suas vidas a atazanar a vida de outros. Gente que não aceita ver a vida do ex continuar, o emprego indo bem, relacionamentos serem construídos, o caminho para a felicidade sendo repavimentado.
Numa ironia absurda, acabo sentado ao lado de um problema igual, tão igual que todos os envolvidos acreditavam tratar-se das duas partes do mesmo processo. A advogada, com quem passeio a tarde conversando, precisava da mesma autorização que eu. Com um agravante, o caso dela era pura birra de uma ex mesquinha que queria aumentar sua pensão de 60 e tantos salários mínimos e usava as crianças como moeda de troca. Já eu enfrentava uma ex mesquinha que usava as crianças como moeda de troca por dinheiro.
É pensando bem, os casos, respeitando-se a diferença de valores, eram idênticos. Onde o bem das crianças é a última coisa que se passa na cabeça de quem reclamou o direito de zelar por elas.
Saí feliz naquele dia, com o documento certo em mãos, venci uma importante batalha (e seus desdobramentos depois) - a primeira iniciada por mim, que resultou em grande felicidade para muita gente (que um dia será relatada aqui) - mas também um pouco apreensivo, pois o mesmo juiz, da mesma vara, no mesmo tipo de caso, ao mesmo tempo, de um lado me atendeu, do outro exigiu mais documentos e agendou uma audiência.
Como é possível essa discrepância, um sai atendido e outro não?
Como um juiz pode decidir a mesma coisa de duas formas?
Saiba caro(a) leitor(a), pode e fazem, sem qualquer explicação, remorso ou culpa. Cheguei, algum tempo depois, que a justiça é uma palhaçada. Comandada e operada por pessoas completamente irresponsáveis, insensíveis e sucetíveis a seus egos inflamados e piniões absurdas.
Infelizmente, como pretendo relatar nas próximas postagens sobre três meses na "Zona além da imaginação", estamos nas mão de loucos.
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