sexta-feira, setembro 28, 2007

MEMÓRIAS DO CÁRCERE 1

Foi num domingo. Naquele que deveria ser talvez o mais importante domingo do ano, mas por outros motivos.

Chego perto do carro, olhando direto para os policiais que aguardavam, sabendo não ser a melhor decisão. Mas que diabo, já estava foragido havia 2 meses. O tormento, que segundo meus advogados resolveria-se rápidamente, começava a me cansar. Era hora de saber o que era uma cadeia e acabar com tudo.

E assim eu fui preso. Demorei a contar esta estória, não por mim, pois aqui é onde expurgo meus demônios, refletindo sobre a vida. Mas por aqueles que sofreram junto comigo esta situação bizarra, fruto de mentes doentes, cuja visão de curto prazo e falta de bom senso, só produzem tristeza. Hoje, face às consequências e renúncias, tenho o direito de ser um pouco egoísta.

Ficam várias lições, mas a primeira é a do impacto. Todos sentem, uns mais, outros menos. Uns assimilam e seguem em frente, outros sentem o golpe e caem, mas todos à nossa volta, sem excessões, sentem.

Naquele domingo de tempo esquisito, passei o dia numa delegacia, a noite numa cela sozinho, lendo McLuhan e o impacto das novas mídias, numa cena surreal, produzida por uma das coisas que o Brasil tem de pior. O poder judiciário.

Hoje vou ficar por aqui. Esta estória é longa, pois nas 32 horas de cárcere, encontrei tipos incrívies, estórias absurdas e um sistema que remete o Brasil para a idade média onde a justiça e a vingança confundiam-se e aos pobres suditos só restava a opção de se curvar a seu déspota de plantão.

Hoje a diferença é que o déspota senta-se numa Vara de família, não num trono.

sexta-feira, setembro 21, 2007

ON THE ROAD AGAIN

De nada adiantam planos, boas intenções, dedicação, compatilhar, dividir, crescer e blá, blá, blá...

Quando não é para acontecer, não é para acontecer e pronto. Quem somos nós para desafiar o destino e sair por aí exercendo nosso livre arbítrio, mudando o rumo das coisas.

Foi assim com Jeremiah Johnson no passado, que ousou desafiar a montanha e perdeu sua família. Aconteceu de novo aqui, fazendo da futura Sra. Johnson uma lembrança doce de que a vida vale a pena.

Aprendi com meus erros e acertos que não existem certos ou errados, vidas caminham para algum lugar, às vezes seus caminhos coincidem por 14 anos, às vezes por 1 ano e 9 meses e os casais se formam, famílias nascem e tudo floresce.

Às vezes, como nos ipês em setembro, a florada é exuberante e bela, mas tem curta duração. Outras como um pequeno jardim que floresce em um canto a cada dia, sem alarde, a vida adquire um colorido mais discreto, porém mais longo.

Meu ipê secou, parto novamente em busca de novas paragens, no mesmo ponto em que comecei há exatos 2 anos atrás quando saí de casa pela primeira vez. Ironico ou não parece ser este o desafio que vai pautar a jornada.

O duro mesmo é encarar o caminho sozinho de novo.